Sete palestinianos morreram e dezenas ficaram feridos em novos ataques israelitas a uma zona de tendas localizada na cidade de Rafah, esta terça-feira, anunciou a Sky News, citando as autoridades de saúde palestinas.
Israel garante que o local é um complexo do Hamas e já o atacou diversas vezes, inclusive na noite passada, em que mataram 16 pessoas, e no domingo, 45.
Duas testemunhas disseram à agência noticiosa France-Presse (AFP) ter visto dois tanques israelitas no centro da cidade de Rafah, onde se registaram intensos bombardeamentos e combates nas últimas semanas.
Os tanques israelitas "estão posicionados na rotunda de Al-Aouda, no centro da cidade de Rafah", disse uma testemunha à AFP. Uma fonte de segurança em Rafah também confirmou ter visto tanques israelitas no centro da cidade.
Residentes também relataram à agência AFP confrontos entre soldados israelitas e grupos armados palestinianos na mesma rotunda.
De acordo com a Defesa Civil palestiniana e o Crescente Vermelho palestiniano, os novos ataques mataram durante a noite um total de 16 pessoas no bairro de Tel al-Sultan, no noroeste de Rafah.
A zona já tinha sido alvo de um ataque na noite de domingo, num local que Israel identificou como um complexo do movimento islamita palestiniano Hamas.
Esse ataque provocou um incêndio num campo de deslocados palestinianos e matou pelo menos 45 pessoas, mais de metade mulheres, crianças e idosos, segundo as autoridades sanitárias locais, provocando indignação a nível mundial.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, considerou que se tratou de um "acidente trágico" e os militares disseram que estavam a investigar.
Israel diz que está a levar a cabo operações limitadas na parte oriental de Rafah, ao longo da fronteira entre Gaza e o Egito. Mas os residentes relataram pesados bombardeamentos durante a noite também nas zonas ocidentais de Rafah.
Segundo a agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA), cerca de um milhão de pessoas tiveram de fugir de Rafah desde o início de maio, quando o exército israelita lançou uma operação terrestre na cidade, onde se amontoaram centenas de milhares de famílias palestinianas deslocadas pela guerra.
Israel afirma querer eliminar de Rafah os batalhões do braço armado do Hamas ali escondidos, tendo as forças israelitas tomado o controlo do posto fronteiriço de Rafah, entre o Egito e a Faixa de Gaza, no início da sua ofensiva.
Os Estados Unidos e outros aliados próximos de Israel advertiram contra uma ofensiva total na cidade, com a administração Biden a dizer que isso ultrapassaria uma linha vermelha e a recusar-se a fornecer armas ofensivas para tal empreendimento. Na sexta-feira, o Tribunal Internacional de Justiça apelou a Israel para que suspendesse a sua ofensiva em Rafah, uma ordem que não tem poder para impor.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu avançar, afirmando que as forças israelitas têm de entrar em Rafah para desmantelar o Hamas e devolver os reféns capturados no ataque de 7 de outubro que desencadeou a guerra.
O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, indicou que duas instalações médicas em Tel al-Sultan estão fora de serviço devido aos intensos bombardeamentos nas proximidades.
A Medical Aid for Palestinians, uma instituição de caridade que opera em todo o território, disse que o centro médico de Tel al-Sultan e o Hospital de Campo da Indonésia estavam fechados, com médicos, pacientes e pessoas deslocadas presas no interior.
A maioria dos hospitais de Gaza já não está a funcionar.
O Hospital do Kuwait, em Rafah, fechou as portas na segunda-feira, depois de um ataque perto da sua entrada ter matado dois profissionais de saúde.
Um porta-voz da Organização Mundial de Saúde afirmou que as vítimas do ataque de domingo e do fogo "sobrecarregaram absolutamente" os hospitais de campanha na zona, que já estavam a ficar sem material para tratar queimaduras graves.
A guerra foi desencadeada pelo ataque do Hamas contra Israel, que causou a morte de mais de 1.170 pessoas do lado israelita, a maioria civis mortos a 7 de outubro, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelitas. Das 252 pessoas tomadas como reféns nesse dia, 121 eram civis.
Entre as 252 pessoas tomadas como reféns nesse dia, cerca de 130 continuam detidas em Gaza, incluindo perto de quatro dezenas mortas, segundo o exército israelita.
Em represália, Israel prometeu aniquilar o Hamas e lançou uma ofensiva que já fez pelo menos 36.096 mortos, a maioria civis, segundo dados das autoridades palestinianas.
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