Parlamento francês suspenso após deputado erguer bandeira da Palestina

A sessão do parlamento francês foi suspensa hoje após o deputado Sébastien Delogu, do partido de esquerda radical França Insubmissa, erguer uma bandeira da Palestina no hemiciclo durante uma pergunta ao Governo sobre a situação na Faixa de Gaza.

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© Sébastien Delogu/X

Lusa
28/05/2024 16:42 ‧ 28/05/2024 por Lusa

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A presidente da Assembleia Nacional francesa (câmara baixa do parlamento francês), Yaël Braun-Pivet, eleita pelo campo presidencial, classificou o comportamento do deputado como inaceitável e anunciou uma reunião para "decidir sobre o caso do Sr. Delogu".

Braun-Pivet lembrou que a exibição de bandeiras ou símbolos políticos não é autorizada na câmara e avisou que iria abrir um processo de sanção, estando para já o deputado excluído dos trabalhos por um período de 15 dias.

Delogu mostrou a bandeira palestina quando o "número dois" do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Franck Riester, respondia a uma pergunta de outra deputada da França Insubmissa, Alma Dufour, que pretendia saber por que razão a França não reconheceu o Estado palestiniano e quando tencionava aprovar sanções contra Telavive.

O regulamento parlamentar prevê sanções contra qualquer deputado que "se envolva em manifestações que perturbem a ordem ou que provoquem uma cena de tumulto".

Questionado pela imprensa, Delogu afirmou que o seu gesto foi uma "iniciativa pessoal", no dia em que três países europeus, Espanha, Irlanda e Noruega, reconheceram oficialmente o Estado da Palestina.

O ambiente já tinha ficado mais tenso com uma pergunta anterior de outro deputado da França Insubmissa sobre o mesmo assunto, no contexto do ataque israelita à região de Rafah, no sul da Faixa da Gaza, à qual o primeiro-ministro, Gabriel Attal, evitou uma resposta direta.

Sobre o ataque israelita a um complexo de deslocados que causou dezenas de mortos e feridos, Attal reconheceu que a situação em Rafah é dramática e que o Presidente francês, Emmanuel Macron, manifestou a sua oposição às operações naquela cidade no sul do enclave palestiniano, numa conversa com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

O primeiro-ministro francês insistiu que a França exige um cessar-fogo e que foi um dos primeiros países a tomar iniciativas nesse sentido perante o Conselho de Segurança da ONU, no qual tem estatuto de membro permanente (com poder de veto).

Mas evitou entrar diretamente na questão do reconhecimento do Estado da Palestina e das sanções contra Israel, que França até agora recusou.

Em vez disso, criticou a posição do partido radical, que considerou morna, e exigiu que o grupo islamita palestiniano Hamas libertasse os reféns que capturou em 07 de outubro de 2023 em Israel, entre os quais ainda há dois franceses.

Para Gabriel Attal, "é possível ser extremamente firme e claro no apelo ao cessar-fogo e ao mesmo tempo firme e claro no apelo à libertação dos reféns".

O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou acima de 1.100 mortos e colocou cerca de 250 pessoas na condição de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva em grande escala no território palestiniano, que já provocou mais de 36 mil mortos, na maioria civis, e deixou o enclave numa grave crise humanitária, de acordo com as autoridades locais controladas pelo Hamas.

Leia Também: Sete palestinianos mortos em novo ataque de Israel a Rafah

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