Marcaram presença na cerimónia em que Bukele recebeu novamente a faixa presidencial, no Palácio Nacional, representantes estrangeiros, como o Rei Filipe VI de Espanha e o Presidente argentino, Javier Milei, além do Presidente do Equador, Daniel Noboa, de uma delegação oficial norte-americana e ainda de Donald Trump Jr., um dos filhos do ex-presidente norte-americano Donald Trump.
Em contrapartida, alguns deputados dos principais partidos da oposição boicotaram a investidura, defendendo que o segundo mandato de Bukele viola a Constituição, apesar de uma sentença do Tribunal Supremo de Justiça salvadorenho ter aberto a porta à reeleição.
No seu discurso de investidura, Bukele prometeu "sanar" a economia após curar o país do "cancro" da violência, gerada principalmente pelos gangues.
"Agora que já tratámos do mais urgente, que era a segurança, vamos focar-nos totalmente nos problemas importantes, começando pela economia", disse o Presidente do país da América Central diante de centenas de pessoas.
Bukele tomou posse para novo mandato de cinco anos (2024-2029) juntamente com Félix Ulloa, vice-presidente, tornando-se assim o primeiro Presidente da etapa democrática de El Salvador a ser reeleito para um segundo mandato consecutivo, após décadas de ditadura militar e uma guerra civil de 12 anos (1980-1992).
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, felicitou Bukele, mostrando-se disponível para "continuar a parceria e colaboração nos próximos anos para construir um futuro melhor para todos os salvadorenhos".
Num comunicado emitido pelo Departamento de Estado dos EUA, Blinken afirmou estar aberto a "aprofundar" os laços entre o seu país e El Salvador, trabalhando em conjunto a favor da "boa governação, segurança cívica com garantias judiciais, prosperidade económica inclusiva e direitos humanos".
Bukele, que conta com níveis altos de popularidade, ganhou as eleições presidenciais de fevereiro e o seu partido também obteve uma grande maioria no Congresso, o que lhe permitirá governar quase sem restrições.
O político suscitou críticas pelos seus ataques contra os gangues ativos no país e por uma estratégia de combate que passou por detenções em massa.
Bukele tomou algumas medidas que, segundo os críticos, colocam em perigo a frágil democracia do país centro-americano, que foi restaurada após a brutal guerra civil.
Além de perseguir os críticos e prender 1% da população do seu país na repressão ao crime organizado, o líder salvadorenho também aprovou no ano passado reformas que reduziram o número de lugares no Congresso, beneficiando o seu partido.
Apesar das denúncias de abuso de poder e de detenções arbitrárias, a repressão dos gangues tornou Bukele popular, após muitos grupos armados terem governado várias zonas do país com brutalidade, matando e extorquindo dinheiro.
As autoridades de El Salvador revelaram na sexta-feira que desmantelaram um plano para colocar bombas em todo o país, coincidindo com a posse do Presidente eleito.
A Polícia Nacional disse que o plano envolvia veteranos da guerra civil de 1980-1992, numa aparente referência a ex-guerrilheiros de esquerda.
A polícia atribuiu o plano bombista a uma força na clandestinidade, a que chamou "Brigada da Insurreição Salvadorenha", e o ex-deputado José Santos Melara, do partido esquerdista FMLN -- formado por ex-guerrilheiros -- foi detido e acusado de ser "quem financiou os planos" da alegada conspiração.
Melara é o líder da associação nacional dos Veteranos de Guerra da FMLN. Pelo menos outros sete suspeitos também foram detidos.
Em reação, o Bloco Popular Revolucionário emitiu um comunicado dizendo que a prisão de Melara "é arbitrária e um ato de perseguição política".
O grupo exigiu a sua libertação e disse não reconhecer "o Presidente inconstitucional e ilegítimo que tomará posse no dia 01 de junho" e disse que iria "iniciar uma nova fase de luta face à imposição de Bukele" como chefe de Estado.
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