Guerra no Sudão "cortou o acesso" da população aos cuidados de saúde

A guerra no Sudão, que começou em abril de 2023 e causou a maior crise de deslocados do mundo, "cortou completamente o acesso" da população aos cuidados de saúde, comunicaram hoje os Médicos Sem Fronteiras (MSF).

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© Dan Kitwood/Getty Images

Lusa
04/06/2024 18:12 ‧ 04/06/2024 por Lusa

Mundo

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"A guerra cortou completamente o acesso das pessoas aos cuidados de saúde em todo o país", declarou o coordenador de emergência dos MSF, Victor Garcia Leonor, que acabou de regressar do país.

"Os preços dos medicamentos e dos alimentos subiram em flecha, ficando fora do alcance da população, especialmente das pessoas deslocadas, e a maior parte dos centros de saúde já não funciona corretamente. Ao mesmo tempo, o país enfrenta um vazio humanitário que agrava ainda mais as enormes necessidades de saúde não atendidas", acrescentou.

No comunicado, os MSF destacaram a situação no Darfur Central, um estado controlado pelo grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), onde o "sistema de saúde entrou em colapso em todo o estado e o único hospital que oferece cuidados secundários, o Hospital Universitário, foi saqueado e atacado em várias ocasiões".

Os MSF prestam cuidados médicos neste hospital, onde as suas equipas reabriram, no mês passado, os serviços de urgência, maternidade, um centro de alimentação terapêutica para doentes internados e pediatria, para continuarem a prestar cuidados às cerca de 300.000 pessoas que permanecem na cidade.

As organizações humanitárias que estavam presentes antes da guerra ainda não regressaram.

No caso específico da cidade de Zalingei, capital do Darfur Central, as Nações Unidas (ONU) não estão presentes há dois meses e apenas algumas organizações estão a prestar assistência na cidade, "o que representa apenas uma gota no oceano das necessidades", acrescentaram os MSF.

A região do Darfur, no oeste do Sudão, está no centro das atenções devido à catástrofe humanitária em curso e porque em Al Fasher, a capital do Darfur do Norte e o último bastião do Governo sudanês, as RSF estão a lutar com o exército para assumir o controlo da zona.

A guerra no Sudão já causou mais de 30.000 mortos, segundo dados da União Médica Sudanesa, e mais de 9 milhões de pessoas deslocadas, incluindo quase 2 milhões de refugiados. 

Leia Também: MSF dão conta de 134 mortos na cidade sudanesa de El-Fasher

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