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"Ao reavivar a proibição de asilo, Biden minou valores norte-americanos"

A ordem executiva apresentada hoje pelo presidente norte-americano, que visa restringir drasticamente os pedidos de asilo na fronteira sul dos Estados Unidos, gerou uma onda de críticas de ativistas, que comparam a medida às ações tomadas por Donald Trump.

"Ao reavivar a proibição de asilo, Biden minou valores norte-americanos"
Notícias ao Minuto

23:19 - 04/06/24 por Lusa

Mundo ACLU

A ordem, que entrará hoje em vigor, permitirá às autoridades norte-americanas deportar as pessoas que não cumpram as normas rigorosas para pedir proteção quando as detenções diárias na fronteira excederem as 2.500 durante uma média de sete dias.

A União Americana das Liberdades Civis (ACLU) foi das primeiras a reagir, alertando em comunicado que a ordem "ecoa" a proibição de entrada emitida pela presidência de Donald Trump em 2018.

A diretora de política e defesa da ACLU, Deirdre Schifeling, avisou que a iniciativa não responde às necessidades na fronteira nem resolve "o falhado" sistema de imigração.

A medida gerou até críticas de aliados da presidência de Joe Biden, como o senador da Califórnia Alex Padilla.

"Ao reavivar a proibição de asilo de Trump, o Presidente Biden minou os valores norte-americanos e abandonou as obrigações da nossa nação de dar às pessoas que fogem da perseguição, violência e autoritarismo, a oportunidade de buscar refúgio nos Estados Unidos", disse em comunicado

Alex Padilla juntou-se às vozes que alertam para o facto de a medida não resolver os problemas da fronteira e apelou a "investimentos inteligentes e estratégicos" para reduzir os atrasos e os tempos de espera e abrir vias legais para a migração, entre outras medidas.

Para Angélica Salas, diretora da Coligação pelos Direitos Humanos dos Imigrantes, esta iniciativa é "altamente inaceitável" porque representa danos irreversíveis para os requerentes de asilo a quem é recusada a entrada.

A ativista disse à EFE que, com a ordem executiva, a administração Biden está a dar espaço aos anti-imigrantes. "É uma ação política e punitiva contra os imigrantes e vamos lutar contra ela nos tribunais", avisou.

A ACLU já anunciou que vai contestar a ordem executiva em tribunal, tal como fez em 2018, quando conseguiu travar uma medida semelhante emitida pelo ex-presidente Donald Trump.

Para Fernando García, diretor executivo da Rede Fronteiriça para os Direitos Humanos, uma organização com presença na fronteira sul entre os EUA e o México, a medida "vai empurrar ainda mais os migrantes para métodos de transporte inseguros e rotas perigosas".

Ao anunciar a ordem executiva, Biden procurou estabelecer um contraste com as políticas duras que o seu antecessor proclamou em matéria de imigração: "Nunca demonizei os imigrantes", disse num discurso na Casa Branca.

Mas as suas palavras não conseguiram travar uma onda de críticas, como as da presidente da Voto Latino, Maria Teresa Kumar, que avisou que "os eleitores não se vão esquecer disto em novembro [nas eleições]".

Erika Pinheiro, da organização Al Otro Lado, com sede em San Diego, no sul da Califórnia, considera que a medida "não vai dissuadir os requerentes de asilo".

A ativista, que conhece bem a situação na fronteira, advertiu que, apesar de se afirmar que a ordem "vai fechar a fronteira", poderão passar semanas ou meses até que o Departamento de Segurança Interna atue.

"Tudo isso pode sobrecarregar a fronteira e a capacidade da Patrulha de Fronteira e conduzir a um caos maior", alertou.

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