Um 'think thank' na Coreia do Sul sugeriu que as meninas entrassem para a escola um ano mais cedo que os meninos, num esforço para aumentar a taxa de natalidade e 'enfrentar' o grave problema demográfico no país.
Em causa está o Instituto Público de Finanças da Coreia do Sul, que defendeu que criar um ano de diferença entre colegas - meninos e meninas - faria com que estes se sentissem mais atraídos uns pelos outros quando chegasse a altura de casarem.
Segundo as publicações internacionais, a base desta ideia é que os homens se sentem atraídos por mulheres mais novas, dado que amadurecem mais tarde - e que essas mulheres, 'em teoria', preferem homens mais velhos.
“Tendo em conta que o nível de desenvolvimento dos homens é mais lento do que o das mulheres, o facto de as mulheres entrarem na escola um ano mais cedo pode contribuir potencialmente para que homens e mulheres se achem mais atraentes quando atingirem a idade adequada para o casamento”, lê-se no relatório que trata sobre a luta contra o declínio da população ativa.
Segundo o mesmo documento, se "existe vontade de casar, pode certamente presumir-se que existe vontade de namorar. No entanto, isso não conduz necessariamente a um namoro bem sucedido. Para melhorar esta situação, as políticas que poderiam ser incluídas nesta categoria são as que organizam encontros, melhoram as competências sociais e apoiam o autodesenvolvimento para aumentar a atratividade de uma pessoa para o sexo oposto".
As críticas
Um sociólogo sul-coreano defendeu que a publicação deste relatório não fazia sentido, lembrando que este 'think thank' está associado ao governo. “O facto de um relatório deste tipo, sem qualquer análise, ter sido publicado num país democrático - por um instituto de investigação estatal que irá avaliar medidas para lidar com baixas taxas de natalidade no futuro - é ridículo”, apontou Shin Gyeong-a.
Já Lee Jae-myung, líder da Oposição, acusou o documento de ser "absurdo". "Temos de tomar medidas fundamentais e a nível macro [contra a baixa taxa de natalidade]", defendeu.
Também nas redes sociais as críticas se espalharam, com vários utilizadores a criticar a ideia, segundo comentários citados pelo Guardian. "Eles estão mesmo a olhar para crianças e a vê-las como ferramentas reprodutivas? Nojento", escreveu um.
Um outro utilizador terá dito que a proposta era "pior do que dizer a alguém para não ter filhos". Dada a ligação governamental, houve também quem se queixasse de que o dinheiro dos seus impostos tinham servido para pagar o documento.
Após as críticas, o 'think thank' referiu, segundo o Guardian, que o relatório dava conta das opiniões dos autores e que não estava ligado ao governo.
O problema da natalidade alastra-se a outros locais, como o Japão, que anunciou esta semana que no verão vai lançar uma aplicação de encontros com o objetivo de travar a queda de natalidade. Para se registarem na aplicação, os potenciais utilizadores terão de fornecer documentos que comprovem que são solteiros e qual o rendimento anual, assim como assinar uma declaração em que garantam estar à procura de casamento.
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