A audiência teve início no tribunal militar de Kinshasa-Gombe, instalado na prisão militar de Ndolo, na capital congolesa, segundo a agência francesa (AFP).
Os arguidos - incluindo três norte-americanos - todos vestidos com uniformes prisionais azuis e amarelos, quatro dos quais mulheres, ocuparam os seus lugares, estando a assistir diplomatas ocidentais, bem como numerosos jornalistas além de advogados.
A alegada tentativa de golpe de Estado ocorreu no final da noite de 19 de maio, no bairro nobre de Gombe, em Kinshasa, onde dezenas de homens armados atacaram a casa de um ministro, Vital Kamerhe, que entretanto se tornou presidente da Assembleia Nacional.
Os assaltantes filmaram-se a agitar a bandeira do Zaire, o antigo nome da RDCongo no tempo de Mobutu, o ditador derrubado em 1997, e pediram a saída do atual chefe de Estado, no poder desde 2019 e reeleito em dezembro passado.
A intervenção das forças de segurança que, segundo o exército, prenderam cerca de 40 assaltantes e mataram outros quatro, incluindo o seu líder, Christian Malanga, 41 anos, um congolês residente nos Estados Unidos, terminou com o ataque.
O porta-voz do exército falou rapidamente de uma "tentativa de golpe de Estado cortada pela raiz", com o Governo a referir-se, um pouco mais tarde, a uma "tentativa de desestabilização das instituições".
Os apoiantes de Vital Kamerhe acreditam que se tratou de uma tentativa de assassinato.
A "opacidade que envolveu o interrogatório" dos presumíveis golpistas foi criticada por alguns ativistas dos direitos humanos.
De acordo com a lista que figura no "extrato da ata" da audiência de hoje, estão a ser julgados 53 arguidos, entre os quais Christian Malanga, apesar de já ter morrido.
Há também o seu filho, Marcel Malanga, que tem nacionalidade norte-americana e está entre os detidos, bem como dois outros cidadãos americanos, um conhecido por ser próximo do pai de Malanga e o outro aparentemente um conhecido do filho.
Outras pessoas detidas após os acontecimentos, incluindo um perito militar, Jean-Jacques Wondo, um congolês belga naturalizado, estão também entre os arguidos.
As acusações neste caso são "atentado, terrorismo, posse ilegal de armas e munições de guerra, tentativa de homicídio, associação criminosa, homicídio, financiamento do terrorismo", de acordo com o mesmo documento.
Uma outra investigação está a ser conduzida sobre as execuções sumárias que alegadamente tiveram lugar após a operação, quando soldados foram filmados a disparar contra dois alegados golpistas desarmados, um dos quais tinha saltado para o rio Congo numa tentativa de fuga.
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