O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou, na quinta-feira, que não concederá perdão a Hunter Biden, seu filho, caso este venha a ser condenado nos julgamentos que enfrenta.
Esta posição foi transmitida numa entrevista à ABC News, com o jornalista David Muir. Quando interrogado sobre se aceitaria o resultado do julgamento em curso e se descartaria o uso dos seus poderes de clemência para anular uma condenação, Biden respondeu: "Sim".
Esta posição de Biden vai de encontro ao que os seus porta-vozes já tinham dito anteriormente, mas foi a primeira vez que o presidente norte-americano o assumiu oficialmente.
Os porta-vozes de Biden já tinham dito anteriormente que ele não iria perdoar o seu filho de 54 anos, mas na quinta-feira foi a primeira vez que o próprio Biden assumiu um compromisso oficial.
É de notar que os presidentes reservam, normalmente, os seus perdões mais controversos para os seus últimos dias de mandato, o que significa que Biden ainda tem algum tempo para mudar de ideias, tal como destaca a imprensa norte-americana.
Recorde-se que, no início da semana, o presidente dos EUA declarou "amor ilimitado" pelo filho e orgulho pela sua resiliência, quando se iniciou o julgamento por posse de armas contra Hunter Biden.
Esta é a primeira vez na história dos Estados Unidos que o filho de um presidente em exercício enfrenta um julgamento que, neste caso, poderá afetar a campanha eleitoral do democrata nas eleições presidenciais de 05 de novembro, já que os republicanos, especialmente o também candidato Donald Trump, frequentemente usam este tema como uma arma política.
O filho de Biden é acusado de mentir em outubro de 2018, quando não reconheceu o uso de drogas num formulário para comprar um revólver Colt Cobra calibre .38, que guardou por 11 dias.
Os advogados de Hunter Biden pediram o adiamento do julgamento para ter tempo de encontrar mais testemunhas e analisar as provas fornecidas pelos procuradores, mas a juíza distrital de Delaware, Maryellen Noreika, rejeitou o pedido.
No domingo, Noreika também provocou nova dificuldade para a defesa do filho do presidente quando decidiu rejeitar a presença em tribunal de um de seus especialistas e excluir provas que Hunter esperava usar.
Hunter Biden - de 54 anos, que se declarou inocente das três acusações contra si - reconheceu publicamente que durante décadas lutou contra o vício do álcool e das drogas, que se agravou após a morte de seu irmão Beau Biden, em 2015, devido a um tumor cerebral.
Quando comprou a arma, em 2018, Hunter Biden estava alegadamente em depressão após ter-se divorciado de Kathleen Buhle, com quem tinha três filhos e, além disso, passava por um momento particularmente difícil devido ao vício em 'crack', como o próprio narrou no seu livro autobiográfico publicado em 2021.
As acusações contra Hunter Biden resultam de uma investigação aberta em 2018 durante o governo de Donald Trump (2017-2021).
O filho do presidente enfrenta um outro julgamento na Califórnia, no qual é acusado de ter sonegado o pagamento de uma avultada soma em impostos.
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