Hamas e Jihad Islâmica adicionados a "lista da vergonha" da ONU
Os movimentos armados palestinianos Hamas e Jihad Islâmica vão ser adicionados à "lista da vergonha" da ONU sobre os direitos das crianças nos conflitos, que será divulgada a 18 de junho, indicou hoje uma fonte diplomática.
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Mundo Médio Oriente
Horas antes, o embaixador israelita na ONU anunciou ter sido notificado de que o Exército israelita fora incluído no anexo do relatório anual do secretário-geral da ONU sobre violações dos direitos das crianças em cerca de 20 zonas de conflito em todo o mundo.
A pedido do Conselho de Segurança, o secretário-geral da ONU divulga todos os anos um relatório que enumera as violações dos direitos das crianças em zonas de conflito de todo o mundo, com um anexo em que identifica os responsáveis por essas violações, que incluem crianças mortas e mutiladas, recrutadas, sequestradas e vítimas de violência sexual.
Além do Exército israelita, também os movimentos islamitas palestinianos Hamas e Jihad Islâmica serão acrescentados por António Guterres à lista deste ano, segundo a fonte diplomática citada pela agência de notícias francesa AFP.
No ano passado, as Forças Armadas russas e grupos armados a elas "associados" a operar na Ucrânia foram incluídos na "lista da vergonha", mas Israel não, para grande desânimo das organizações de defesa dos direitos humanos que há anos pedem a sua inclusão.
No relatório de 2022, a ONU avisou Israel de que seria incluído na lista se não fossem registadas quaisquer melhorias.
Mas o relatório do ano passado observou "uma diminuição significativa do número de crianças mortas pelas forças israelitas, inclusive em ataques aéreos", entre 2021 e 2022.
A guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, desencadeada a 07 de outubro por um ataque sem precedentes daquele movimento em território israelita - que resultou nesse dia na morte de 1.194 pessoas, na maioria civis, mortos nesse dia, alterou a situação.
A inscrição de Israel este ano na lista é "uma decisão totalmente justificada do secretário-geral, apesar de dever ter sido tomada há muito tempo", comentou Louis Charbonneau, da organização não-governamental Human Rights Watch.
"É uma coisa que andamos a pedir à muito tempo, juntamente com a inscrição do Hamas e de outros grupos armados palestinianos", frisou.
Em retaliação ao ataque de 07 de outubro, o Exército israelita lançou uma ofensiva mortífera na Faixa de Gaza, onde o Hamas tomou o poder em 2007.
Pelo menos 36.731 palestinianos foram mortos nos últimos oito meses, na maioria civis, de acordo com os números hoje divulgados pelo Ministério da Saúde do Governo de Gaza. O relatório não especifica o número de crianças, mas o gabinete de imprensa do Governo do Hamas aponta para mais de 15.000 menores mortos.
A Autoridade Palestiniana declarou hoje, ao tomar conhecimento da inclusão do Exército israelita na "lista da vergonha" da ONU de países e entidades que cometem violações contra crianças, que tal deveria ter ocorrido "muito antes" e que já está na altura de o Conselho de Segurança agir de imediato.
"O Estado ocupante israelita já devia ter sido incluído nesta lista há muito tempo, porque continua a cometer massacres contra o nosso povo na Faixa de Gaza e na Cisjordânia", reagiu o porta-voz da presidência da Autoridade Palestiniana, Nabil Abu-Rudeina, para quem esta decisão foi, no entanto, o "passo correto".
Sublinhou, por isso, que agora o Conselho de Segurança da ONU deve tomar uma decisão para travar imediatamente a "contínua agressão" e os "crimes de genocídio" cometidos por Israel contra o povo palestiniano.
O porta-voz da Autoridade Palestiniana, com sede em Ramallah, na Cisjordânia, salientou que o facto de "o mundo inteiro" começar a reconhecer o Estado da Palestina e de Israel estar cada vez mais "isolado" - com a exceção dos Estados Unidos, que "recorrem ao direito de veto e apoiam a ocupação com dinheiro e armas" - é um incentivo para que a ONU tome medidas o mais rapidamente possível.
Abu-Rudeina sustentou ainda que chegou a altura de responsabilizar Israel pelos seus crimes, através da aplicação das resoluções da ONU, que contam com uma ampla legitimidade reconhecida pela comunidade internacional.
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