Confrontado na estação televisiva TF1 com o anúncio do chefe de Estado francês, Faure disse que "o castigo desta noite é tão pesado que [Emmanuel] Macron não teve outra alternativa senão voltar às urnas".
As primeiras projeções sobre as eleições para o Parlamento Europeu em França atribuíram à União Nacional (Rassemblement National, RN na sigla francesa), formação de extrema-direita, 31,5% dos votos, quase um terço do total.
Este resultado representa mais do dobro dos votos previstos para o Renascimento (Renaissance, RE), o partido do Presidente Emmanuel Macron (15,2%), e mais do que a soma do segundo e terceiro partido mais votados.
O Partido Socialista francês (PSF), liderado neste escrutínio por Raphaël Glucksmann, deverá ficar-se pelos 14% dos votos, segundo as mesmas projeções.
Na sequência do mau desempenho nas urnas, Macron decidiu dissolver a Assembleia Nacional e antecipar as eleições legislativas, com a primeira volta a 30 de junho e a segunda a 07 de julho.
Em várias partes de Paris, dezenas de pessoas mobilizaram-se para protestar contra o crescimento da extrema-direita.
Faure acusou a RN de defender o mesmo tipo de políticas de direita de Macron e argumentou: "Se queremos uma alternativa, se queremos que uma mudança" é necessária "uma alternativa de esquerda".
O deputado discordou assim do líder da lista do PSF às eleições europeias, Raphaël Glucksmann, que criticou Macron por ter cedido à pressão do presidente da RN, Jordan Bardella, para a convocação de eleições legislativas antecipadas.
"Nada o obrigava. Está a fazer um jogo perigoso com a democracia e as instituições", avisou Glucksmann, que lançou um apelo "a todos os eleitores de esquerda, a todos os democratas combativos" para derrotar a extrema-direita.
Por parte do partido extrema-esquerda França Insubmissa (La France Insoumise, LFI), o quarto mais votado (8,7%, segundo as estimativas), o fundador da força partidária, Jean-Luc Mélenchon afirmou: "Não tememos o povo, pelo contrário".
O antigo candidato presidencial afirmou que Macron "teve razão em dissolver" a Assembleia Nacional porque "não tem mais nenhuma legitimidade para continuar a sua política", destacando o apoio militar à Ucrânia "numa lógica de agressividade contra a Rússia" e a falta de apoio ao povo palestiniano "que sofre um genocídio".
O deputado da LFI, François Ruffin, foi mais longe e sugeriu, em declarações à estação TF1, a formação de uma "frente popular" com os diferentes partidos e movimentos de esquerda, incluindo socialistas, comunistas e verdes.
Também do lado da extrema-direita houve apelos à união, nomeadamente por parte de Marion Maréchal, sobrinha de Marine Le Pen mas candidata pelo partido Reconquista! (Reconquête), que terá eleito pela primeira vez eurodeputados graças a 5,3% de votos estimados.
"Obrigada a todos por esta maravilhosa vitória! A coligação de direita a que aspiro parece mais necessária do que nunca", escreveu na rede social X, propondo um encontro com dirigentes como Jordan Bardella e o líder do partido Republicanos (Les Républicains, centro direita), Eric Ciotti.
Sem responder a Marion Maréchal, Ciotti foi claro que recusará qualquer aliança com Macron, afirmando: "Está fora de questão fazer uma coligação com o governo que tanto mal fez à França'".
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