Plano de cessar-fogo aprovado na ONU. Mas o que dizem o Hamas e Israel?

Após o anúncio, ambas as partes envolvidas no conflito reagiram, com o Hamas a saudar a adoção do plano de cessar-fogo aprovado na ONU e Israel a avisar que não tenciona "envolver-se em negociações intermináveis".

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© Ashraf Amra/Anadolu Agency via Getty Images

Notícias ao Minuto
11/06/2024 08:02 ‧ 11/06/2024 por Notícias ao Minuto

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Pela primeira vez em oito meses de conflito mortal, o Conselho de Segurança da ONU aprovou, na segunda-feira, uma resolução que saúda a proposta de cessar-fogo em Gaza anunciada pelo presidente norte-americano, Joe Biden, instando Israel e Hamas a "implementarem integralmente os seus termos, sem demora e sem condições".

Após o anúncio, ambas as partes envolvidas no conflito reagiram, com o Hamas a saudar a adoção do plano de cessar-fogo aprovado na ONU e Israel a avisar que não tenciona "envolver-se em negociações intermináveis e sem sentido" para um cessar-fogo em Gaza.

"Saudamos a resolução do Conselho de Segurança e confirmamos a nossa disposição a trabalhar com os nossos irmãos, os mediadores, para negociar indiretamente a concretização desses princípios que coincidem com as exigências no nosso povo e da resistência", indicou o Hamas, em comunicado.

Também o presidente da Autoridade Palestinana, Mahmud Abbas, considerou o voto do Conselho de Segurança da ONU sobre o plano de tréguas na Faixa de Gaza "um passo na boa direção".

"A presidência palestiniana considera a adoção desta resolução como um passo na boa direção para terminar com a guerra genocida em curso contra o nosso povo na Faixa de Gaza", indicou o gabinete de Abbas num comunicado em árabe difundido pela agência noticiosa oficial palestiniana Wafa.

Por sua vez, a coordenadora política da missão diplomática israelita, Reut Shapir, não deixou claro se o seu país apoia a resolução. "Israel mantém os seus princípios e eles não mudaram. Continuaremos (a lutar) até que todos os reféns regressem e desmantelarmos todas as capacidades de combate e de governação do Hamas", disse Reut Shapir, sem mencionar especificamente a resolução, que apela, numa primeira fase, a um cessar-fogo e à libertação de certos reféns (mulheres, idosos e feridos).

E acrescentou: "Isto significa que Israel não se vai comprometer com negociações intermináveis e sem sentido, que podem ser exploradas pelo Hamas como um meio de ganhar tempo".

No entanto, o vice-embaixador dos EUA nas Nações Unidas, Robert Wood, disse que Israel aceitou a proposta dos EUA para o acordo de três fases entre o Hamas e Israel, horas antes de o Conselho de Segurança da ONU votar o projeto de resolução, noticia a Al Jazeera.

"Esta proposta é a melhor oportunidade que temos neste momento, para interromper pelo menos temporariamente estes combates, para podermos obter mais assistência, libertar os reféns e todas as outras coisas estão incluídas na proposta. Por isso, queremos trabalhar arduamente para conseguir isso", destacou Wood, em declarações na sede da ONU em Nova Iorque, EUA.

E continuou: "Queremos pressionar o Hamas para que aceite este acordo. Até agora, não aceitou esse acordo", afirmou.

Quando questionado por um jornalista que disse que Israel também não aceitou formalmente a proposta, Wood respondeu: "Israel aceitou o acordo. É o Hamas. O Hamas é que precisa de aceitar este acordo".

O que está em causa?

Em 31 de maio, Biden anunciou o que descreveu como uma nova proposta israelita, chamando-a de "um roteiro para um cessar-fogo duradouro e a libertação de todos os reféns", composto por três fases.

A primeira das quais incluiria, entre outras coisas, "um cessar-fogo total e completo", a retirada das forças israelitas de "todas as áreas povoadas de Gaza" e a libertação de "um número de reféns - incluindo mulheres, idosos, feridos - em troca da libertação de centenas de prisioneiros palestinos".

Esta primeira fase deverá durar seis semanas, durante as quais Israel e o grupo islamita Hamas "negociariam os acordos necessários" para passar para a segunda fase, que veria a "libertação de todos os reféns vivos restantes" em troca da retirada das forças israelitas de Gaza.

A terceira fase incluiria um "grande plano de reconstrução para Gaza" e a devolução de "quaisquer restos mortais de reféns que foram mortos" às suas famílias.

A proposta diz que se as negociações demorarem mais de seis semanas para a primeira fase, o cessar-fogo continuará enquanto as negociações decorrem.

A resolução aprovada, na segunda-feira, pelo Conselho de Segurança rejeita qualquer tentativa de alteração demográfica ou territorial na Faixa de Gaza, incluindo quaisquer ações que reduzam o território do enclave.

O texto reitera também o compromisso inabalável do Conselho com a "visão da solução de dois Estados, onde dois Estados democráticos - Israel e Palestina - vivam lado a lado em paz, dentro de fronteiras seguras e reconhecidas, consistentes com o direito internacional e as resoluções relevantes da ONU", e, a este respeito, "salienta a importância de unificar a Faixa de Gaza com a Cisjordânia sob a Autoridade Palestiniana".

Apesar de a embaixadora norte-americana insistir que Israel aprovou o acordo, ainda não é certo se Telavive e o Hamas concordam plenamente com o plano de cessar-fogo em três fases, mas o forte apoio da resolução no órgão mais poderoso da ONU coloca pressão adicional sobre ambas as partes para aprovarem a proposta.

Amplamente criticados por terem bloqueado vários projetos de resolução que apelavam a um cessar-fogo em Gaza, os Estados Unidos, inabalável aliado de Israel, continuaram a justificar-se nos últimos meses, garantindo que uma trégua só poderia resultar de um acordo no terreno.

Leia Também: Israel ataca complexo do Hezbollah no leste do Líbano

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