Na sexta-feira, o Presidente russo, Vladimir Putin, prometeu ordenar imediatamente um cessar-fogo na Ucrânia e iniciar negociações se Kyiv começasse a retirar as tropas das quatro regiões anexadas por Moscovo em 2022 e renunciasse aos planos de adesão à NATO.
Estas reivindicações constituem uma exigência de facto para a rendição da Ucrânia, cujo objetivo é manter a sua integridade territorial e soberania, mediante a saída de todas as tropas russas do seu território, além de Kyiv pretender aderir à aliança militar.
As condições colocadas por Moscovo foram rejeitadas de imediato pela Ucrânia, Estados Unidos e NATO.
Na sua intervenção na derradeira sessão plenária da cimeira sobre a Ucrânia, que decorre desde sábado na estância suíça de Burgenstock, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, alertou o Presidente russo, Vladimir Putin, de que não deve confundir a paz com a subjugação da Ucrânia e pediu à comunidade internacional que continue a apoiar o país.
"Se a Ucrânia não tivesse podido contar com o nosso apoio e tivesse sido forçada a render-se, não estaríamos aqui hoje a discutir as condições mínimas para as negociações. Estaríamos apenas a discutir a invasão de um Estado soberano e todos podemos imaginar as consequências", afirmou.
A chefe do Governo italiano assinalou que a confusão entre paz e a subjugação criaria um perigoso precedente para todos.
O presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, sublinhou que a guerra tem de acabar e destacou a ajuda que o seu país tem prestado à Ucrânia para aliviar a crise alimentar.
Numa mesa-redonda sobre segurança alimentar, Sánchez, segundo fontes governamentais citadas pela Efe, terá apelado à comunidade internacional para que continue a apoiar a Ucrânia, que trabalhe com os países mais afetados pela crise e para que transforme os sistemas alimentares para que os mais vulneráveis sejam resistentes aos choques atuais e futuros.
Já o Presidente da Lituânia, país que partilha fronteira com a Rússia através do exclave de Kaliningrado, recordou hoje que a comunidade internacional tem a "obrigação coletiva de mostrar total solidariedade" para com a Ucrânia.
"Gostaria de afirmar, mais uma vez, que a paz na Ucrânia só pode ser alcançada com a restauração total da integridade territorial da Ucrânia", defendeu Gitanas Nauseda, que apontou que para haver paz, tem de haver justiça.
A Noruega, que considerou a cimeira um sucesso, anunciou que vai fornecer à Ucrânia 1,1 mil milhões de coroas (103 milhões de euros) para apoiar o país a recuperar a sua infraestrutura energética e garantir o fornecimento de eletricidade até ao inverno.
"A Rússia está a lançar ataques maciços e sistemáticos para paralisar a rede elétrica, mas os ucranianos estão a trabalhar dia e noite para manter o fornecimento essencial da eletricidade à população", afirmou o primeiro-ministro, Jonas Gahr Store, em comunicado citado pela agência France-Presse (AFP).
"Estamos a discutir com a Ucrânia a forma mais eficaz de utilizar estes fundos. Os ucranianos saberão melhor o que é necessário", acrescentou o governante.
A vizinha Suécia sublinhou, através da sua vice-primeira-ministra, Ebba Busch, que o apoio à Ucrânia no seu direito de se defender é "a principal prioridade da política externa".
"Todos nós estamos convencidos de uma coisa: não podemos aceitar a agressão como um meio para atingir objetivos políticos", afirmou Busch, citada pela Efe, acrescentando que a invasão da Ucrânia pela Rússia fez o país "reconsiderar a política" e procurar, com a Finlândia, pertencer à NATO.
Do outro lado do oceano Atlântico, o Presidente do Equador, Daniel Noboa, defendeu "o poder transformador do diálogo e da cooperação", por entender que é a solução para alcançar "a reconciliação e a paz duradoura".
Já a secretária dos Negócios Estrangeiros do México, Alicia Bárcena, pediu que os esforços diplomáticos para a paz entre Ucrânia e Rússia sejam feitos "sob a égide da ONU".
"Deve haver negociações graduais para criar confiança", disse a chefe da diplomacia mexicana, que considerou que "não se pode falar de paz sem mencionar outras tragédias humanitárias atuais, como a que ocorre em Gaza".
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