"Lamentamos que, apesar das repetidas advertências da comunidade internacional, a Rússia e a Coreia do Norte tenham assinado um novo tratado e mencionado abertamente a cooperação militar e tecnológica, o que viola diretamente as resoluções do Conselho de Segurança da ONU", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul, Lim Soo-suk, em declarações relatadas pela agência de notícias local Yonhap.
Seul garantiu que responderá "severamente" a qualquer ameaça à sua segurança, trabalhando em estreita colaboração com a comunidade internacional e outras nações aliadas, e disse que o executivo sul-coreano planeia anunciar em breve a sua posição oficial sobre o tratado Moscovo-Pyongyang.
A reação da Coreia do Sul surge depois de, na quarta-feira, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o Presidente russo, Vladimir Putin, terem realizado uma cimeira na capital norte-coreana, que marcou a primeira visita de Putin ao hermético país em mais de 24 anos.
Neste contexto, assinaram um "Acordo de Parceria Estratégica Abrangente", que substitui os acordos bilaterais selados até agora por Moscovo e Pyongyang e que inclui uma cláusula de assistência militar em caso de agressão contra os seus territórios e exige que ambas as partes não assinem pactos com países terceiros que infrinjam os interesses fundamentais um do outro ou participem de tais atos.
"Se uma das duas partes estiver sujeita a situações de guerra devido a uma invasão armada de um país individual ou de várias nações, a outra parte fornecerá assistência militar e outra assistência sem demora, mobilizando todos os meios possíveis ao seu alcance, de acordo com o artigo 51.º da Carta das Nações Unidas e das leis da RPDC [República Popular Democrática da Coreia] e da Federação Russa", lê-se numa parte do tratado transmitido pela agência de notícias norte-coreana KCNA.
O documento não foi publicado na íntegra por nenhuma das partes, por enquanto, e apenas surgiram a cláusula acima mencionada e as referências à cooperação em outras áreas às quais Putin ou outros representantes do Kremlin aludiram.
Os intercâmbios entre Pyongyang e Moscovo intensificaram-se desde o último encontro entre dos dois líderes, em setembro, na Rússia, e acredita-se que a Coreia do Norte forneceu milhares de contentores de armas à Rússia, que foram utilizadas na Ucrânia.
Em troca, o regime norte-coreano terá recebido assessoria para o programa de lançamento de satélites espiões.
A cimeira dos líderes decorreu numa altura de crescente preocupação de que o aumento da cooperação militar entre os dois países possa alimentar um conflito na Ucrânia ou fora dela.
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