Uma das estratégias de Kiev é causar o máximo de danos possível à infraestrutura petrolífera russa.
Os ataques aéreos ucranianos às refinarias de petróleo intensificaram-se este ano e, segundo o especialista russo em energia Mikhail Krutikhin, provocaram uma quebra de 20% na produção de combustível e de produtos petrolíferos na parte ocidental do país.
Para evitar a escassez de combustível no mercado interno, o governo russo proibiu a exportação de gasolina até 30 de junho, uma medida que será prorrogada no final deste mês.
No final de maio, o Ministério da Energia russo declarou "secretos" os dados relativos à produção de combustível, a fim de "garantir a segurança da informação do mercado de produtos petrolíferos, tendo em conta a atual situação geopolítica".
Desde o início do ano, a Ucrânia lançou cerca de 50 ataques com 'drones' (aeronaves não tripuladas) e foguetes contra depósitos de combustível e refinarias de petróleo, alguns dos quais a centenas de quilómetros do território ucraniano.
Segundo vários especialistas, a vasta dimensão da Rússia e a escala do seu setor energético tornam extremamente difícil para o exército ucraniano atacar todas as instalações que possam ser consideradas alvos, especialmente porque concentra uma grande parte dos seus sistemas antiaéreos nos mais de mil quilómetros da frente ucraniana.
No entanto, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, numa entrevista ao The Washington Post no final de março, admitiu que os Estados Unidos, principal aliado de Kiev, manifestaram preocupação e afirmaram que não apoiam os ataques às infraestruturas petrolíferas russas devido ao impacto no mercado petrolífero mundial.
Zelensky, porém, sublinhou que os ataques foram efetuados por 'drones' ucranianos e que ninguém pode dizer aos ucranianos que isso "não pode ser feito".
"Se não existe uma defesa aérea para proteger a nossa rede elétrica e os russos estão a atacá-la, então a minha pergunta é: porque não podemos responder? A vossa sociedade tem de aprender a viver sem gasolina, sem gasóleo, sem eletricidade? É justo. Quando a Rússia deixar de o fazer, nós deixaremos de o fazer", afirmou.
Desde 22 de março que a Rússia tem lançado sucessivos ataques maciços ao setor da eletricidade ucraniano, destruindo cerca de metade da capacidade de produção da Ucrânia.
As autoridades ucranianas foram forçadas a introduzir apagões diários em todo o país para fazer face à escassez de energia.
A insatisfação dos Estados Unidos com os ataques às infraestruturas petrolíferas russas não afetou o comando militar ucraniano, que anunciou imediatamente que iria intensificá-los ainda mais, a fim de impedir o fornecimento de combustível às tropas de Moscovo que combatem na Ucrânia.
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