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Presidente ruandês está "pronto" para guerra com RDCongo se necessário

O Presidente do Ruanda, Paul Kagame, declarou que o país está "pronto" para entrar em guerra com a República Democrática do Congo (RDCongo) se não houver outra opção, numa conjuntura tensa entre as duas nações.

Presidente ruandês está "pronto" para guerra com RDCongo se necessário
Notícias ao Minuto

13:10 - 21/06/24 por Lusa

Mundo Diplomacia

"Se a situação no leste da RDCongo e as suas repercussões afetarem o nosso território, estamos prontos a lutar", disse hoje Kagame numa entrevista à televisão France 24.

O Presidente ruandês declarou também que têm lutado pelos seus direitos e pela sua existência, referindo-se à vitória da Frente Patriótica Ruandesa (RPF), criada em 1987 por tutsis no exílio e que conseguiu tomar o controlo do Ruanda em 1994, após uma ofensiva contra as autoridades ruandesas, controladas por extremistas hutus e responsáveis pelo genocídio perpetrado nesse mesmo ano.

Kagame acusou as autoridades congolesas de "perseguirem" e "assassinarem" membros da comunidade tutsi.

"Existe um discurso de ódio e uma ideologia genocida no leste da RDCongo", explicou o líder ruandês.

Para o chefe de Estado ruandês, a RDCongo está a fugir dos seus problemas e dá apoio às Forças Democráticas de Libertação do Ruanda (FDLR), um grupo armado fundado e composto principalmente por hutus responsáveis pelo genocídio de 1994 no Ruanda, que matou cerca de 800.000 pessoas.

Frisou ainda que a RDCongo deve reagir a esta ameaça "da forma que considerar adequada".

Kagame afirmou ainda que o Presidente congolês, Félix Tshisekedi, "foge dos seus próprios problemas e culpa os outros" e acrescentou que "os problemas na RDCongo devem ser compreendidos, também pela pessoa que lidera aquele país, que parece ter uma memória seletiva quando se trata de descrever o que está a acontecer lá".

"Há 100.000 refugiados no Ruanda e continuam a chegar. A maior parte deles está cá há 20 anos e está associada a este problema. Perderam os seus bens, as suas terras e os seus familiares foram mortos no leste da RDCongo", sublinhou.

Para Kagame, as acusações de que o Ruanda tem culpa do que se passa no leste da RDCongo são incompreensíveis.

"Temos de compreender o que é o Movimento 23 de Março (M23)", que opera no leste da RDCongo, afirmou, antes de insistir que "o Ruanda não criou o M23".

"Como é que se explica que tenhamos 100.000 refugiados, que haja pessoas perseguidas pela sua identidade no leste da RDCongo, e que agora queiram torná-las cidadãs ruandesas, quando elas são congolesas?", questionou.

Por outro lado, sublinhou que sempre esteve "disposto" a encontrar-se com Tshisekedi para resolver a crise e disse que é o Presidente congolês "que impõe condições".

"Nunca impus condições", disse, ao mesmo tempo que afirmava que Kigali "tem sido muito clara" no seu apoio às iniciativas diplomáticas na região.

A entrevista de Kagame à France24 surge um dia depois de o Presidente do Ruanda ter sublinhado que Kigali "não é a causa" do conflito na RDCongo.

O M23 é um grupo rebelde constituído maioritariamente por tutsis congoleses e que opera principalmente na província de Kivu do Norte, no leste da RDCongo, país que faz fronteira com Angola.

Leia Também: Pelo menos 65 mortos num ataque de uma milícia no centro-norte da RDCongo

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