A atribuição da medalha foi justificada com a crença de que Milei lidera uma mudança de rumo fundamental para "libertar a população das amarras" e devolver-lhe "esperança".
O líder argentino foi aplaudido de pé por cerca de 200 pessoas que gritaram "liberdade" no Hotel Hafen, na cidade portuária, onde lhe foi entregue a medalha pelo presidente da Sociedade Hayek, o diretor do Instituto de Estudos Económicos de Kiel (IfW), Stefan Kooths, na presença da irmã de Milei, Karina.
A Sociedade Hayek é uma organização neoliberal controversa pela sua alegada proximidade com a Alternativa para a Alemanha (AfD), partido da extrema-direita alemã.
No exterior do hotel, várias centenas de manifestantes protestaram contra a entrega da medalha, em resposta à convocatória lançada por organizações da diáspora argentina e latino-americana e por organizações não-governamentais da esquerda alemã.
Nos cartazes que empunhavam podia ler-se "Miséria Neoliberal" e segundo a emissora regional NDR, cerca de 400 pessoas, com cartazes com mensagens como "Milei não é liberdade, é fascismo" e "A Argentina não está à venda", estiveram presentes para exigir o cancelamento da atribuição da medalha.
Na cerimónia, Kooths salientou que Milei, "sem a atitude paternalista de um Estado rico em constante expansão", "liberta os grilhões que impedem as pessoas de se ajudarem a si próprias" e "devolve às pessoas do seu país a sua autoconfiança e dá-lhes esperança".
Depois de cerimónia em Hamburgo, Milei deslocar-se-á a Berlim, onde se encontrará com o chanceler alemão Olaf Scholz no domingo, numa "breve visita de trabalho" que acabará por ser mais curta do que o previsto.
Embora inicialmente o líder argentino devesse ser recebido com honras militares e estivesse prevista uma conferência de imprensa conjunta com Scholz, estes planos foram abandonados à última hora, segundo o Governo alemão, devido à recusa do convidado em comparecer perante a imprensa.
"Trata-se de uma visita de trabalho muito breve no final do dia, por vontade expressa do Presidente argentino", explicou na sexta-feira o porta-voz Steffen Hebestreit, sublinhando que houve uma "recusa clara" de Milei em participar numa conferência de imprensa.
No entanto, os meios de comunicação social alemães especularam que o cancelamento poderia estar relacionado com os comentários de um porta-voz do governo alemão que, esta semana, descreveu as declarações de Milei sobre o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, como "de mau gosto".
Milei, cujas críticas e insultos das últimas semanas ao primeiro-ministro de Espanha, o socialista Pedro Sánchez, estão no centro de uma crise diplomática entre os dois países, esteve sexta-feira em Madrid onde também foi distinguido com uma medalha outorgada pela região autónoma de Madrid, liderada por Isabel Díaz Ayuso, do Partido Popular (PP, direita).
Leia Também: Milei está de regresso a Espanha (mas não reúne com Sánchez ou Felipe VI)