União Africana "profundamente preocupada" com violência no Quénia

A União Africana exprimiu hoje "profunda preocupação" pela violência no Quénia, onde protestos contra impostos foram marcados pela morte de pelo menos 17 pessoas, e instou o país a "manter a calma e a abster-se de qualquer nova violência".

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© Minasse Wondimu Hailu/Anadolu Agency via Getty Images

Lusa
25/06/2024 20:53 ‧ 25/06/2024 por Lusa

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Quénia

Em comunicado, o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, exprimiu a sua "profunda preocupação [com] as explosões de violência que se seguiram às manifestações públicas e que provocaram perdas de vidas e danos materiais", enquanto a polícia é acusada de ter reprimido estas manifestações disparando munições reais.

Antes, o Presidente queniano, William Ruto, condenou o "ataque sem precedentes" à democracia no país, após o assalto ao parlamento em Nairobi durante uma manifestação de protesto contra a subida de impostos na qual terão morrido pelo menos 17 pessoas.

Numa mensagem dirigida à Nação, William Ruto condenou o que considerou ser "um ataque" à democracia, ao Estado de direito e às instituições e comprometeu-se a reprimir firmemente "a violência e a anarquia".

Ruto disse ter ordenado "a todos os órgãos de segurança nacional que apliquem medidas que frustrem qualquer tentativa de criminosos perigosos de minar a segurança e a estabilidade do país".

Afirmando ser sua "prioridade máxima" garantir a segurança de pessoas e bens, o chefe de Estado assegurou que "os protestos pacíficos da Geração Z [promotores do protesto] foram infiltrados por elementos criminosos".

O Presidente dirigiu-se à nação depois do Governo ordenar o apoio do Exército aos esforços policiais para conter a violência.

Os soldados foram destacados para apoiar a polícia "em resposta à emergência de segurança causada pelas manifestações violentas em curso" em todo o país, marcadas por "destruição e intrusões em infraestruturas cruciais", anunciou o ministro da Defesa, Aden Bare, num comunicado emitido ao início da noite.

As agências internacionais dão conta de vários mortos, com a espanhola Efe a citar uma fonte do Grupo de Trabalho para a Reforma da Polícia do Quénia (PRWG-Kenya), que inclui organizações como a Amnistia Internacional (AI), a referir pelo menos 17 mortos, 14 deles em Nairobi, onde a polícia abriu fogo para impedir os manifestantes de entrar no parlamento, que teve um dos seus edifícios incendiado.

As ONG também documentaram 86 feridos e 52 detenções, incluindo pelo menos 43 na capital, acrescentou a fonte, que quis manter o anonimato.

Treze países ocidentais - Canadá, Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Irlanda, Países Baixos, Estónia, Noruega, Suécia, Roménia, Reino Unido, Bélgica e Estados Unidos - afirmaram, numa declaração conjunta, estar "chocados" com as cenas no exterior do parlamento queniano e manifestaram preocupação com a violência e os raptos de manifestantes.

Os jovens protestam contra o que se prevê ser a introdução de novos impostos, incluindo um IVA de 16% sobre o pão e um imposto anual de 2,5% sobre os veículos privados.

O Governo anunciou, em 18 de junho, que retirava a maior parte das medidas, mas os manifestantes prosseguiram o seu protesto, exigindo a retirada da totalidade do texto.

Para os manifestantes, esta é uma manobra do Governo, que tenciona compensar a retirada de certas medidas fiscais com outras, nomeadamente um aumento de 50% do imposto sobre os combustíveis.

Leia Também: Presidente queniano condena "ataque sem precedentes" à democracia

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