Os talibãs "são as autoridades de facto. (Eles) não vão parar, e temos dito consistentemente que é preciso reconhecer este facto e lidar com eles como tal porque, quer queiramos quer não, este movimento está a governar o país agora. Não se pode simplesmente ignorar isso", disse Nebenzya, numa conferência de imprensa na sede da ONU em Nova Iorque.
"Não lhe posso dar uma resposta definitiva sobre o quão longe estamos de removê-los da lista de sanções em que estão agora com a Rússia, mas ouvi algumas conversas sobre isso", admitiu, sem dar mais detalhes.
Enviados internacionais para o Afeganistão, incluindo os da Rússia, estão reunidos numa cimeira de dois dias no Qatar sobre o futuro do país, na qual os talibãs pressionaram para que as sanções fossem retiradas.
A Rússia, assim como muitos outros países, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia, mantém sanções aos talibãs, designando-o como um grupo terrorista.
A aproximação especial e a troca de apoios entre Cabul e Moscovo suscitaram a expectativa de um eventual reconhecimento oficial por parte do Governo russo.
No domingo, a delegação do governo talibã nas conversações sobre o Afeganistão reuniu-se com o representante presidencial russo para o encontro que, segundo os fundamentalistas afegãos, manifestou apoio ao regime de facto.
"Tivemos um encontro importante em Doha com Zamir Kabulov, representante especial do Presidente da Rússia. Foi discutido o reforço das relações entre o Afeganistão e a Rússia. A Rússia apoiou a posição do Emirado Islâmico do Afeganistão e o Emirado Islâmico também agradeceu à Rússia pela sua posição positiva", disse o porta-voz e chefe da delegação afegã, Zabihullah Mujahid, numa mensagem na rede social X (antigo Twitter).
Embora a expectativa para o evento tenha sido alimentada pela procura de uma fórmula para pressionar o regime afegão relativamente às políticas internas e à situação dos direitos humanos, os talibãs deixaram claro no sábado que as questões internas afegãs, incluindo os direitos das mulheres - como a educação e a liberdade de circulação - não fazem parte da agenda do diálogo.
Por outro lado, vários ativistas dos direitos das mulheres afegãs condenaram as conversações organizadas pelas Nações Unidas com os talibãs, no Qatar.
Numa declaração pública, lamentaram que a ONU queira dialogar com um grupo que tem violado os direitos humanos, em particular, das mulheres.
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