Presidente francês pede a Marine Le Pen "frieza" e "moderação"

O presidente francês, Emmanuel Macron, recomendou hoje a Marine a Le Pen "frieza" e "moderação", depois da líder da extrema-direita ter sugerido que o chefe de Estado preparava um "golpe de Estado administrativo".

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© Christian liewig Corbis/Corbis via Getty Images

Lusa
02/07/2024 17:38 ‧ 02/07/2024 por Lusa

Mundo

França

Para quarta-feira está prevista uma reunião do Conselho de Ministros, em que se discutirá uma vaga de nomeações que poderá incluir dirigentes e alguns embaixadores, segundo várias fontes corroborantes citadas pela agência noticiosa France-Presse (AFP). No entanto, a dimensão das nomeações está por definir.

Depois de Le Pen ter sugerido estar em curso um "golpe de Estado administrativo", o Presidente da República apelou esta tarde a Le Pen para mostrar "frieza" e "moderação".

"Há 66 anos que todas as semanas se realizam nomeações e deslocações, nomeadamente no verão, independentemente do momento político que as nossas instituições atravessam, e não há qualquer intenção de alterar estas disposições nos próximos meses", declarou o Presidente em comunicado.

O período de 66 anos refere-se ao nascimento da Quinta República, em 1958, que conferiu fortes poderes ao Presidente, incluindo em períodos de "coabitação", ou seja, com um primeiro-ministro e um governo de lados políticos diferentes.

Nos termos do artigo 13.º da Constituição, o Presidente "nomeia para os cargos civis e militares do Estado".

Para toda uma série de altos cargos do Estado, estas nomeações são efetuadas por decreto presidencial no Conselho de Ministros, mas com a assinatura do chefe do Governo ou dos ministros.

No caso de a RN obter maioria absoluta no domingo à noite, na segunda volta das eleições legislativas antecipadas, o partido fez saber que governará a França, com o seu presidente, Jordan Bardella, como primeiro-ministro, o que abriria uma coabitação efetiva com Macron.

A Quinta República já conheceu três períodos deste género, dois sob as presidências de François Mitterrand (1986-1988 e 1993-1995) e um sob a primeira presidência de Jacques Chirac (1997-2002).

Le Pen acusou hoje Emmanuel Macron de preparar "uma espécie de golpe de Estado administrativo" para evitar que os partidos vencedores nas eleições do próximo domingo tenham liberdade governativa.

"Espero que seja apenas um rumor", declarou Marine Le Pen numa entrevista à rádio France Inter, adiantando que no Conselho de Ministros da última quarta-feira houve mais nomeações do que o habitual.

De acordo com rumores que chegaram até à líder da extrema-direita, Macron pretende nomear o diretor-geral da polícia e da "gendarmerie" (polícia militarizada francesa) e realizar várias outras nomeações para a Administração francesa.

"Para as pessoas que dão aulas de democracia para o mundo inteiro, acho isso surpreendente", queixou-se Le Pen.

Segundo a líder da extrema-direita, após o "impulso democrático" que teve ao convocar antecipadamente as eleições legislativas, depois da sua derrota nas eleições europeias de 09 de junho, Macron agora "faz todo o possível para dificultar o processo democrático" com a sua propaganda eleitoral.

Os candidatos União Nacional (Rassemblemant National-RN, em francês), partido de Le Pen, aliados a um grupo de conservadores foram os vencedores da primeira volta das eleições legislativas em França no domingo - com 33% dos votos -, colocando-os em condições de terem a maioria na Assembleia Nacional após segunda volta, que acontecem no próximo domingo, ou até mesmo alcançar uma maioria absoluta.

Essa maioria absoluta, que implicaria alcançar pelo menos 289 dos 577 deputados, é a condição que o candidato a primeiro-ministro do RN, Jordan Bardella, estabeleceu para governar.

No entanto, Marine Le Pen considerou um cenário que, se obtiver 270 lugares, consultará outros deputados, como os do partido conservador Os Republicanos para ver se estarão dispostos a apoiá-la em alguns projetos legislativos e, em particular, para aprovar o Orçamento de Estado.

A líder da extrema-direita reiterou que se chegarem ao Governo, não fará parte do executivo.

"Não serei uma segunda primeira-ministra", sublinhou Le Pen, acrescentando que atuará como líder do grupo parlamentar.

Leia Também: Le Pen acusa Macron de preparar "um golpe de Estado administrativo"

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