"Difícil". Lloyd Doggett apela a que Biden abandone corrida presidencial
A ex-líder da Câmara dos Representantes norte-americana Nancy Pelosi considerou hoje "legítimo" questionar a saúde do Presidente, criticado pelo mau desempenho no debate contra Donald Trump, e um congressista democrata apelou mesmo a que Joe Biden abandone a corrida presidencial.
© ANDREW CABALLERO-REYNOLDS/AFP via Getty Images
Mundo Biden
"Acho legítimo perguntar se este é um episódio simples ou um estado duradouro", disse ao canal MSNBC Pelosi, uma figura ainda muito influente dentro do seu partido.
Porém, a política da Califórnia, ela própria com 84 anos, elogiou a "visão" do chefe de Estado, atualmente com 81 anos.
"Não sou médica. Não posso dizer o que acontecerá dentro de três ou quatro anos, mas acho que, pela minha experiência, e foi isso que me perguntou, acho que (Biden) continuará a ser um grande Presidente dos Estados Unidos", advogou.
Os apelos de democratas eleitos, instando o Presidente e a sua comitiva a serem transparentes sobre a forma do líder octogenário, multiplicaram-se nas últimas horas.
O congressista Lloyd Doggett foi mais longe e tornou-se hoje o primeiro legislador do Partido Democrata a pedir publicamente que Joe Biden renuncie à corrida à Casa Branca, argumentando que o desempenho do chefe de Estado no debate não conseguiu "defender efetivamente as suas muitas realizações".
Lloyd Doggett, do Texas, insistiu que Biden deveria "tomar a dolorosa e difícil decisão de se retirar".
"A minha decisão de tornar públicas essas fortes reservas não é feita levianamente, nem diminui de forma alguma o meu respeito por tudo o que o Presidente Biden conquistou", frisou Doggett.
"Reconhecendo que, diferentemente de Trump, o primeiro compromisso do Presidente Biden sempre foi com o nosso país, e não consigo próprio, tenho esperança de que ele tome a dolorosa e difícil decisão de se retirar. Peço respeitosamente que o faça", instou.
Há meses que a Casa Branca tem deixado de lado, às vezes com certa irritação, quaisquer questões sobre as faculdades físicas e mentais do Presidente norte-americano, cuja agilidade física e verbal vem diminuindo.
Se até agora os pesos pesados do Partido vinham reafirmando publicamente o seu apoio a Biden, desde o debate da passada quinta-feira o nervosismo tem vindo a crescer entre apoiantes e doadores, alguns dos quais com críticas ao círculo íntimo do Presidente pela falta de transparência sobre as suas faculdades.
Outros pedem a Joe Biden que responda concretamente às preocupações, aumentando o número de conferências de imprensa ou intercâmbios abertos com jornalistas ou apoiantes.
Na segunda-feira, um repórter perguntou diretamente ao Presidente se planeava desistir da disputa, no final de um breve discurso que acabara de proferir na Casa Branca sobre uma decisão do Supremo. Porém, Joe Biden saiu da sala sem responder.
Enquanto tenta solidificar o apoio entre os principais líderes do seu partido, O Presidente convidou todos os governadores democratas para uma reunião na quarta-feira.
A discussão provavelmente será maioritariamente virtual, de acordo com duas pessoas familiarizadas com o plano de Biden, que insistiram no anonimato porque não estavam autorizadas a discutir uma programação que ainda não foi tornada pública.
A reunião é o sinal mais forte até ao momento de que Biden está a tentar acalmar os medos de alguns democratas, que temem que o líder não esteja preparado para continuar a campanha --- muito menos derrotar Donald Trump.
Até agora, não há nenhuma indicação de que o Presidente esteja a considerar renunciar à corrida eleitoral.
A sua campanha tem procurado minimizar os impactos do debate numa série de memorandos e reuniões privadas com doadores, estrategas e membros do Partido Democrata, insistindo que Biden pode ter um mau desempenho no debate sem prejudicar as suas chances de longo prazo em novembro.
[Notícia atualizada às 19h20]
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