"Há menos de 15 dias, um membro de nosso bloco sofreu uma tentativa de golpe. A democracia prevaleceu graças à firmeza do Governo boliviano, à mobilização do seu povo e ao rechaço da comunidade internacional", disse Luiz Inácio Lula da Silva na abertura da 64.ª cimeira de chefes de Estado do Mercosul, realizada em Assunção, no Paraguai.
"A reação unânime ao 26 de junho na Bolívia e ao 08 de janeiro no Brasil demonstram que não há atalhos à democracia na nossa região. Mas é preciso permanecer vigilantes. Falsos democratas tentam solapar as instituições e colocá-las a serviço de interesses reacionários", acrescentou.
A Bolívia anunciou na semana passada a formalização da sua adesão ao Mercosul, bloco económico fundado pelo Brasil, Argentina, Paraguai e o Uruguai, em 1991.
O Presidente brasileiro lembrou que este é o 19.º encontro de líderes do Mercosul em que participa e afirmou que nunca se deparou com tantos desafios, seja no âmbito regional, seja em nível global. Lula da Silva insistiu em dizer, porém, que aposta no Mercosul como plataforma de inserção internacional e de desenvolvimento do Brasil.
"O Mercosul será o que quisermos que seja. Não nos cabe apequená-lo com propostas simplistas que o debilitam institucionalmente. Nossos esforços de atualização devem apontar para outra direção. Temos uma agenda inacabada, que envolve dois importantes setores de nossas economias excluídos do livre comércio", salientou o chefe de Estado brasileiro.
Em outro momento do seu discurso, que durou cerca de 14 minutos, Lula da Silva disse que o Mercosul é resiliente e tem sobrevivido aos difíceis anos de desintegração.
"Pensar igual nunca foi critério para engajamento construtivo nas tarefas do bloco. A diversidade de opiniões, sem extremismos e intolerância, é bem-vinda porque fortalece nossas democracias e nos conduz a escolhas melhores", afirmou.
Sobre cenário internacional, o Presidente brasileiro voltou a defender "um mundo de paz".
"Essa é a razão do nosso engajamento em prol de uma solução para o conflito entre Rússia e Ucrânia que efetivamente envolva as duas partes", acrescentou.
Lula da Silva reforçou também o apoio do Brasil à África do Sul na ação no Tribunal Internacional de Justiça que visa a por fim ao conflito em Gaza e às ações militares promovidas pelo Exército de Israel após o ataque do movimento islâmico Hamas, realizado em outubro passado.
"Encerro com o registo da vitória das forças progressistas nas recentes eleições no Reino Unido e em França. Ambas são fundamentais para a defesa da democracia e da justiça social contra as ameaças do extremismo", concluiu o Presidente brasileiro.
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