O Estado mais jovem do mundo, independente do Sudão desde 2011, "está em alerta para uma catástrofe humana e climática iminente nos próximos meses", segundo um comunicado da organização Não-Governamental (ONG) britânicauma vez que o Sudão do Sul poderá sofrer "as suas piores inundações dos últimos 60 anos, o que levará algumas partes do país à beira da fome".
A Save The Children baseia a análise nos dados da Famine Early Warning Systems Network - organização que trabalha na previsão e resposta a fome e outras formas de insegurança alimentar na África sub-saariana financiada pelo Governo dos Estados Unidos -, que "mostra que as inundações maciças contribuirão para o risco de fome no Sudão do Sul entre junho de 2024 e janeiro de 2025".
As pessoas que se espera que sejam mais afetadas "já enfrentaram anos de conflito, fome, aumento dos preços dos alimentos, inundações anteriores e, mais recentemente, um recente afluxo de refugiados e repatriados na sequência do conflito que dura há 15 meses no Sudão".
A fome foi declarada no Sudão do Sul em 2017 nos condados de Leer e Mayendit no Estado de Unity.
De acordo com a ONG britânica, o estado de Unity é um dos mais vulneráveis à fome devido às inundações.
Apesar da sua riqueza petrolífera, o Sudão do Sul, um dos países mais pobres do mundo, tem lutado para se posicionar desde a independência em 2011 e está a enfrentar uma das piores crises humanitárias mundiais.
Em 2018, um acordo de paz pôs fim a uma guerra civil que se arrastava desde 2013, prevendo a criação de um Governo de unidade nacional, com Salva Kiir como Presidente e o seu rival Riek Machar como vice-Presidente, os dois homens que estiveram no centro da guerra civil que causou quase 400.000 mortos e milhões de deslocados.
Desde então, o país tem sido assolado pela anarquia, por surtos de violência comunal, por disputas políticas crónicas e por catástrofes naturais.
De acordo com a Save the Children, cerca de nove milhões de pessoas - 75% da população - incluindo quase cinco milhões de crianças, necessitam de ajuda humanitária.
A crise é agravada pelo regresso de centenas de milhares de refugiados sul-sudaneses que fugiram da guerra brutal no Sudão.
O Sudão do Sul foi também privado de receitas vitais do petróleo devido à paragem de um oleoduto danificado no Sudão.
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