"A pressão militar levou a MSF a encerrar o último centro de saúde no norte [da Faixa de Gaza]. Os assistentes estiveram a atender doentes até que um intenso tiroteio os obrigou a retirar", detalhou em comunicado.
A decisão da MSF coincide com a ordem de evacuação obrigatória -- "e ilegal, segundo a legislação humanitária" -- da população que permanece na cidade de Gaza, principal centro urbano da Faixa, que já tinha sido obrigada a retirar-se em outubro, nos primeiros dias da ação militar israelita.
Atualmente, no norte da Faixa de Gaza, apenas estão operacionais os hospitais Kamal Adwan, em Beit Lahia, e o Indonésio, em Jabalia. Nenhum está a funcionar na cidade de Gaza, onde há dois dias deixou de funcionar o Al Ahli.
"Não sabemos para onde ir, nem onde dormir, nem onde abastecer-nos, nem onde conseguir comida", declarou em vídeo divulgado pela MSF, Suhail Habib, um seu funcionário local.
O sistema de saúde da Faixa de Gaza está completamente devastado ao fim de nove meses da ação militar israelita, que já causou 38.300 mortos palestinianos e 88 mil feridos, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza.
Dos 38 hospitais que existiam antes, 25 foram completamente destruídos ou colocados inoperacionais e os outros 13 funcionam parcialmente e com problemas sérios de abastecimento de medicamentos, água potável e energia.
Dos 90 centros de saúde, 64 fecharam e 130 ambulâncias ficaram fora de serviço.
Ainda segundo o Ministério, "mais de 500 membros do pessoal de saúde e especialistas médicos foram mortos e pelo menos 310 foram detidos".
O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza adiantou que 25 mil palestinianos, doentes ou feridos, precisam de tratamento no exterior, perante o colapso do sistema de saúde no enclave, mas os israelitas só aprovaram a viagem de 6.645, dos quis só viajaram 4.895.
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