Ministro do Interior ameaça demitir-se se Paris ceder no diferendo com Argélia

O ministro do Interior francês, Bruno Retailleau, ameaçou demitir-se do Governo se Paris ceder à luta de poder com a Argélia para que Argel aceite os seus cidadãos em situação irregular em França, numa entrevista publicada hoje 'online'.

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© JULIEN DE ROSA/POOL/AFP via Getty Images

Lusa
15/03/2025 18:08 ‧ há 9 horas por Lusa

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Argélia

A recusa da Argélia em aceitar os seus cidadãos obrigados a abandonar o território francês, incluindo o autor de um atentado que causou um morto em Mulhouse, em 22 de fevereiro, agravou ainda mais as relações entre os dois países, que já se deterioraram consideravelmente desde que  Emmanuel Macron reconheceu a soberania marroquina sobre o Saara Ocidental, em julho de 2024.

 

"Enquanto estiver convencido de que estou a ser útil e enquanto me derem os meios, serei mobilizado", disse Retailleau numa entrevista ao Le Parisien, divulgada no portal do jornal francês.

"Mas, se me pedissem para ceder nesta questão tão importante para a segurança dos franceses, é claro que recusaria. Não estou aqui para um cargo, mas para cumprir uma missão, a de proteger o povo francês", acrescentou o ministro.

Retailleau, que tem feito cada vez mais declarações virulentas contra Argel, nomeadamente desde a detenção, em meados de novembro, do escritor franco-argelino Boualem Sansal, foi questionado sobre a questão argelina e sobre a "resposta graduada" que preconiza se Argel não aceitar retirar os seus cidadãos que se encontram ilegalmente em França.

Na sexta-feira, Retailleau adiantou que França elaborou uma primeira lista de cerca de 60 argelinos a expulsar, que deverá ser enviada para Argel "em breve".

"Será enviada, mas ainda não o foi", disse, na ocasião, o ministro do Interior francês, indicando que aguarda, paralelamente, uma resposta de Argel.

"Não há vontade de um escalar de tensões, mas recusar a readmissão é um ataque direto aos acordos que temos com a Argélia", sublinhou na terça-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, durante uma sessão de perguntas ao Governo no Parlamento.

Barrot garantiu que Paris quer restabelecer boas relações com Argel e resolver as tensões com este "país vizinho", "mas com rigor e sem fraquezas".

Neste contexto, disse, Paris decidiu enviar às autoridades argelinas "uma lista de cidadãos argelinos que devem abandonar o território francês", sem indicar uma data.

"E esperamos que as autoridades argelinas aceitem esta lista e iniciem assim uma nova fase nas nossas relações que permita ultrapassar as nossas divergências e iniciar uma possível cooperação estratégica", comentou.

No final de fevereiro, o primeiro-ministro francês, François Bayrou, ameaçou "denunciar" o acordo de 1968 que confere um estatuto especial aos argelinos em França, a antiga potência colonial, em termos de circulação, residência e emprego, se a Argélia não retirasse os seus cidadãos em situação irregular no prazo de seis semanas.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, jogou a carta do apaziguamento, dizendo que era "a favor, não de denunciar, mas de renegociar" o acordo.

 Em fevereiro, o Presidente argelino, Abdelmadjid Tebboune, denunciou o "clima venenoso" entre a Argélia e a França, afirmando que os dois países deviam retomar o diálogo e apelando para que Macron "faça ouvir a sua voz" a este respeito.

Leia Também: Paris prepara-se para enviar para Argel lista de cidadãos argelinos a expulsar

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