No primeiro e único discurso que proferiu, na quinta-feira, na Convenção Nacional Republicana, em Milwaukee, Donald Trump delineou a visão para o país e descreveu aquilo que viveu no sábado passado, quando foi alvo de uma tentativa de assassínio.
"Estou diante de vós esta noite com uma mensagem de confiança, força e esperança. Daqui a quatro meses, teremos uma vitória incrível e começaremos os quatro maiores anos da história do nosso país", disse.
"Juntos, lançaremos uma nova era de segurança, prosperidade e liberdade para cidadãos de todas as raças, religiões, cores e credos. A discórdia e a divisão na nossa sociedade devem ser curadas. Como americanos, estamos unidos por um único destino e um destino partilhado. Nós erguemo-nos juntos ou caímos", acrescentou.
O magnata garantiu estar a concorrer para ser "Presidente de toda a América, não de metade da América, porque não há vitória em vencer para metade da América".
"Então, esta noite, com fé e devoção, aceito com orgulho a nomeação para Presidente dos Estados Unidos", confirmou o antigo chefe de Estado.
O ex-presidente, de 78 anos, expressou ainda gratidão por todas as demonstrações de apoio que recebeu após a tentativa de assassínio de que foi alvo num comício, no sábado, na Pensilvânia.
Trump evitou referências diretas aos rivais democratas, ao Presidente Joe Biden e à vice-Presidente Kamala Harris, e, de um modo geral, teceu duras críticas à atual administração, nas áreas económica, energia e clima, e imigração.
Conhecido pela retórica incendiária, o político começou num tom suave e profundamente pessoal, mas evoluiu para um tom mais agressivo, a repetir várias falsas alegações, como as de que Biden quer quadruplicar os impostos, "terroristas estão a chegar em números que nunca antes vistos" pela fronteira ou a taxa de criminalidade está a aumentar no país.
Afirmações rapidamente contestadas por uma verificação de factos da estação de televisão CNN.
Trump pediu aos democratas que parem de "transformar o sistema de justiça numa arma" e reclamou das "caças às bruxas partidárias", argumento que usa com frequência para justificar os quatro processos criminais de que é alvo.
O republicano, que lidera as sondagens para regressar à Casa Branca numa disputa com Biden, prometeu também concluir a construção do muro anti-imigrantes na fronteira dos EUA com o México, um dos grandes projetos do primeiro mandato e também um dos mais polémicos.
"Vou acabar com a crise da imigração ilegal, fechando a nossa fronteira e acabando o muro", assegurou.
O ex-presidente descreveu os EUA sob o atual Governo democrata como "uma nação em declínio", com "uma invasão maciça na fronteira sul" e à beira da Terceira Guerra Mundial.
"Temos que impedir a invasão do nosso país que está a matar centenas de milhares de pessoas por ano", afirmou.
Trump disse que os EUA têm uma "liderança incompetente" e "a crise inflacionária está a tornar a vida inacessível".
Em relação à política externa, Trump também reiterou as alegações de que as duas guerras atualmente travadas na Europa e no Médio Oriente "nunca teriam acontecido" se fosse Presidente, mas sem especificar o que faria para terminar qualquer um desses conflitos.
Trump e o candidato a vice-presidente, J. D. Vance, têm uma posição isolacionista e propuseram limitar ou cortar completamente a ajuda norte-americana a países estrangeiros, como à Ucrânia.
"Um espetro crescente de conflito paira sobre Taiwan, Coreia, Filipinas e toda a Ásia. E esta será uma guerra como nenhuma outra por causa do armamento", avaliou.
O magnata destacou então a relação de proximidade que mantém com o líder norte-coreano, Kim Jong-un: "É bom dar-se bem com alguém que tem muitas armas nucleares".
O ex-presidente expôs ainda as promessas para um segundo mandato, incluindo a redução do custo de alimentos e gasolina, mais empregos e a segurança da fronteira.
O discurso de Trump, ao longo de cerca de uma hora e meia, encerrou uma grande manifestação de apoio republicano ao longo de quatro dias de Convenção, que atraiu milhares de eleitores conservadores, celebridades e políticos influentes do Partido Republicano.
No final da intervenção, Melania Trump juntou-se ao magnata no palco, numa rara presença pública da ex-primeira-dama desde que deixou a Casa Branca, em 2021.
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