"A classe médica voltará a paralisar as atividades a partir de segunda-feira, dia 29 de julho, em todo o território nacional", anunciou o presidente da AMM, Napoleão Viola, em conferência de imprensa, em Maputo, avançando que a greve terá uma duração de 21 dias prorrogáveis, caso não haja entendimento com o Governo.
O caderno reivindicativo inclui melhorar o enquadramento no âmbito da Tabela Salarial Única (TSU), os cortes salariais à classe, a falta de pagamento de horas extraordinárias "há mais de um ano" e melhores condições de trabalho.
"As nossas unidades sanitárias continuam a carecer do básico. Continuamos a funcionar sem medicamentos, sem alimentação suficiente para pacientes e sem meios de diagnóstico para que possamos chegar às patologias que afetam os pacientes", referiu Viola.
O presidente da AMM disse que apenas seis dos 23 pontos do caderno reivindicativo foram resolvidos desde o arranque das negociações com o Governo, em agosto do ano passado, acrescentando que não há diálogo pelo menos há cinco meses.
"O que vemos é a contínua degradação do nosso Serviço Nacional de Saúde. Todos viram a situação do gesso [falta de material para intervenções] propalada do Hospital Central de Nampula, mas aquilo ocorre em todo o país, incluindo no Hospital Central de Maputo", realçou Viola.
"É uma situação [a greve] sobre a qual não gostaríamos de ter chegado, mas infelizmente não há diálogo para encontrar soluções (...) Esta é uma greve para mostrar ao Governo que estamos insatisfeitos", insistiu o presidente da associação dos médicos, repetindo que faltam "respostas concretas" face às reivindicações da classe.
Viola afirmou que os médicos não irão abrir mão das suas reclamações e pediu o apoio da população para "pressionar" o Governo, argumentando que "os médicos estão exaustos" num Serviço Nacional de Saúde onde "faltam recursos básicos".
"Está um caos, esta é que é a palavra concreta para descrevê-lo, na medida em que não temos certeza se o que estamos a fazer irá trazer soluções para o doente que está à nossa frente", concluiu, justificando desta forma o regresso dos médicos às paralisações, tal como há um ano.
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