A companhia ferroviária nacional francesa (SNCF) reportou hoje "um ataque massivo" que visou paralisar a sua rede ferroviária de alta velocidade (TGV), horas antes da abertura dos Jogos Olímpicos em Paris, e que vai afetar mais de 800 mil pessoas nos próximos dias.
A ministra do Desporto, Amélie Oudéa-Castera, condenou aqueles que querem "sabotar" os "Jogos dos Atletas".
"Jogar contra os Jogos é jogar contra a França, contra o seu próprio campo, contra o seu país", disse Amélie Oudéa-Castera, em declarações à televisão BFM, sublinhando que os Jogos Olímpicos 2024 foram "preparados com muito cuidado por várias centenas de milhares de pessoas durante quase 10 anos".
O ataque está a afetar as linhas Atlantique, Nord e Est do comboio de alta velocidade (TGV) , que foram incendidas de noite.
Em conferência de imprensa, o ministro dos Transportes, Patrice Vergriete, falou de "consequências muito graves" para o tráfego ferroviário.
Já a presidente da região de Paris, Valérie Pécresse, denunciou "uma tentativa de desestabilizar a França" num dia chave para o país, a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos.
Os ataques consistiram em incêndios provocados de forma coordenada em condutas de cabos de energia de sinalização e comunicação.
Os problemas de trânsito vão durar pelo menos todo o fim de semana e ocorrerão não só no dia da cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris, mas também em dias especiais de partida e entrada de férias.
As linhas afetadas, com atrasos e suspensões, são as dos eixos Norte (que incluem também o TGV para Londres, Bruxelas, Amesterdão e Alemanha), Oeste (Bretanha, Bordéus) e Este (Estrasburgo, Frankfurt).
As estações Norte, Este e Montparnasse foram especialmente afetadas, com milhares de viajantes retidos hoje de manhã.
O quarto eixo do TGV de Paris, o sudeste (Lyon, Marselha), foi salvo porque uma tentativa de sabotagem contra a linha "foi frustrada", detalhou a SNCF.
Estima-se que só hoje existem 250 mil viajantes afetados.
A escolha dos pontos onde ocorreram os incêndios sugere que os autores, para além de coordenados, possuem conhecimentos técnicos, segundo a SNCF.
O Ministro dos Transportes descreveu os acontecimentos como "um ato criminoso escandaloso" e destacou também a "coordenação" dos incêndios, que ocorreram aproximadamente "ao mesmo tempo", por volta das 04:00 locais (03:00 em Lisboa).
O presidente da SNCF, Jean Pierre Farandou, considerou as sabotagens como "um ataque à França e aos franceses", numa aparição conjunta à imprensa juntamente com o ministro.
Farandou explicou que os trabalhos de reparação são muito delicados, uma vez que os incêndios afetaram condutas com até 500 cabos elétricos e de fibra ótica.
"É preciso arranjar cabo a cabo, é quase um trabalho de ourives", explicou um alto funcionário da empresa na conferência de imprensa.
O presidente da Câmara de Paris, Laurent Nunez, anunciou, por sua vez, o envio de reforços policiais para as principais estações da capital para garantir a segurança dos passageiros e das instalações.
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