Em visita oficial à China, Meloni disse à imprensa italiana que a participação do seu país na iniciativa de Pequim "evidentemente não funcionou", tendo em conta o défice comercial de Itália com a China e o facto de outros países com laços comerciais mais intensos com o país asiático não fazerem parte da iniciativa.
"A minha decisão foi uma escolha coerente, mas sempre disse que esta não era a única forma de ter relações ou de fomentar as relações com a China", acrescentou.
Este domingo, juntamente com o seu homólogo chinês, Li Qiang, Meloni assinou um plano de três anos para dar um novo impulso às relações bilaterais. Hoje, Meloni apresentou o pacto como uma "alternativa" à Iniciativa Faixa e Rota para "reconstruir laços mais estreitos" e "abrir uma nova fase".
"Acredito que as relações devem também crescer no respeito e na lealdade dos nossos laços económicos e comerciais", disse a política italiana, que apontou especificamente acordos para a proteção das denominações de origem ou da propriedade intelectual.
Meloni assinou vários pactos com a China em matérias como a segurança alimentar, questões ambientais, educação e veículos elétricos, este último um "acordo-quadro" cuja implementação dependerá de negociações técnicas.
Segundo a chefe do governo, a Itália pretende "reforçar a cooperação com a China, mas fazê-lo com o objetivo de reequilibrar a balança comercial", face a um défice de longa data, e também no âmbito do investimento: "Atualmente, os investimentos italianos são três vezes superiores aos investimentos chineses em Itália", sublinhou.
"Queremos trabalhar para eliminar os obstáculos ao acesso dos nossos produtos ao mercado chinês e garantir a igualdade de tratamento das nossas empresas [na China]", acrescentou.
Depois de se encontrar com o Presidente chinês, Xi Jinping, na segunda-feira, Meloni viajou para Xangai hoje, onde procurará atrair mais investimentos chineses - por exemplo, no setor automóvel - para impulsionar o crescimento económico do seu país.
Esta é a primeira viagem oficial da líder italiana à China e surge após ter optado por não renovar um acordo com Pequim por mais cinco anos, em dezembro passado, no âmbito de um programa com o qual a China procura cimentar a sua influência global.
Uma das principais queixas de Roma sobre a iniciativa foi o aumento do défice no comércio com o país asiático.
Itália era o único país do G7, grupo que reúne algumas das maiores economias do mundo, que assinou um memorando de entendimento no âmbito do programa chinês.
A Iniciativa Faixa e Rota inclui a construção de portos, linhas ferroviárias ou autoestradas, criando novas rotas comerciais entre o leste da Ásia e Europa, Médio Oriente e África.
O maior relacionamento entre Pequim e os países envolvidos abarca um incremento da cooperação no âmbito do ciberespaço, meios académicos, imprensa, regras de comércio ou acordos financeiros, visando elevar o papel da moeda chinesa, o yuan, nas trocas comerciais.
Lançada em 2013, pelo Presidente chinês, Xi Jinping, a iniciativa simbolizou uma mudança na política externa da China, de um perfil discreto para uma postura mais assertiva, visando moldar o cenário internacional.
Leia Também: China? Giorgia Meloni realça "interlocutor muito importante"