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Retaliação israelita ao Hezbollah "provável", resta é saber como

O analista de política internacional Filipe Pathé Duarte considerou hoje como "muito provável" uma retaliação israelita ao ataque atribuído ao Hezbollah nos Montes Golã sírios, anexados em grande parte por Israel, frisando, porém, que falta saber como o fará.

Retaliação israelita ao Hezbollah "provável", resta é saber como
Notícias ao Minuto

17:18 - 30/07/24 por Lusa

Mundo Médio Oriente

Em declarações à agência Lusa, o também académico da NOVA School of Law de Portugal avançou dois cenários possíveis, com o primeiro, "o mais provável", a passar por "uma espécie de incursão limitada no Líbano".

 

"Parece-me a mim que será muito provável a retaliação israelita. Agora, que tipo de retaliação é que os israelitas poderão fazer, é que vamos ter que equacionar. Temos uma primeira hipótese, que me parece a mais provável, e uma segunda, menos provável", afirmou.

"No primeiro cenário, podemos ter uma espécie de incursão limitada no Líbano, em que as 'proxies' do Irão [grupos aliados que o país financia em vários países da região] provavelmente vão prestar um apoio, mas um apoio sobretudo simbólico ao [movimento xiita libanês] Hezbollah, reduzindo aqui o risco de uma guerra regional", sublinhou Pathé Duarte.

Ainda na primeira hipótese, o analista realçou as parecenças com a situação ocorrida durante a guerra do Líbano de 2006, em que o Irão vai continuar na linha de abastecimento de armas e os grupos militantes apoiam simbolicamente, sobretudo os que estão no Líbano, sobretudo o Hamas, "provavelmente podem juntar-se à luta ao lado do Hezbollah".

"Os huthis no Iémen continuarão a atacar esporadicamente navios israelitas. O Irão manter-se à distância, assim como os Estados Unidos. Os Estados Unidos manterão o apoio que tem dado a Israel, mantendo aqui o fluxo de armas, o fluxo de munições e apoiando Israel talvez em termos de 'intelligence' [serviços de informações] nesta guerra. Isto é o primeiro cenário numa guerra contida semelhante à guerra do Líbano de 2006", sustentou Pathé Duarte.

No entanto, no segundo cenário, que o analista de política internacional considera menos provável, Israel poderá avançar "numa campanha mais ampla". 

"Nesta campanha mais ampla há claramente o risco de uma guerra regional envolvendo potencialmente a participação direta dos Estados Unidos e a participação direta do Irão. Aí, teremos ao longo da fronteira ataques com mísseis e 'drones' de longo alcance por parte dos grupos armados pró-iranianos, não só na fronteira do Líbano, mas mesmo provindos do Iraque e do Iémen", argumentou.

"Vamos ter um crescendo, um espraiar geográfico deste conflito. E, claro, vamos ter, por exemplo, um aumento dos ataques huthis contra navios no Mar Vermelho, no Mediterrâneo Oriental, no Golfo Pérsico, no Golfo Arábico. E depois, em vez de ser apenas os grupos militantes no primeiro cenário dentro do Líbano a apoiar o Hezbollah, vamos ter um fluxo de grupos militantes por vinhos da Síria, do Iraque, do Iémen, do Paquistão, do Afeganistão, convergindo todos naquela zona", acrescentou.

Para Pathé Duarte, ao mesmo tempo, poderá haver também uma "retaliação" contra as forças e interesses norte-americanos na Síria e no Iraque. 

"Poderemos ter aqui uma espécie de ciclo de violência e de retaliação, que, invariavelmente, vai arrastar o Irão e os Estados Unidos possivelmente, para um confronto direto, caso haja uma intervenção ampla por parte de Israel no Líbano", prosseguiu.

Questionado sobre uma eventual retaliação da Síria e do Irão, Pathé Duarte frisou que tudo dependerá da dimensão do ataque de Israel.

"Creio que a retaliação por parte de outras geografias, retaliação direta, bem entendido, neste caso da Síria e do Irão, dependerá da dimensão do ataque de Israel. Se for contido no primeiro cenário, não parece que haja uma intervenção direta porque não convém a nenhuma das partes [Irão e Síria] um confronto direto com Israel. Mas se a situação for uma intervenção em larga escala, cuja probabilidade é menor, aí sim parece-me que poderá haver uma retaliação direta", respondeu.

Pathé Duarte acrescentou que, face ao ponto a que se chegou, os esforços da comunidade internacional de "pouco servirão".

"A questão aqui é se esses esforços poderão criar condições para o primeiro cenário, o de uma intervenção contida, ou para o segundo, uma intervenção em larga escala. Eu quero crer que será eventualmente o primeiro cenário", concluiu.

Segundo o exército israelita, um 'rocket' foi disparado no sábado do Líbano pelo Hezbollah, apoiado pelo Irão, tendo atingido um campo de futebol improvisado em Majdal Shams, cidade dos Montes Golã sírios, em grande parte anexados por Israel, onde muitos jovens estavam a jogar.

O ataque fez 12 mortos, crianças e adolescentes com idades compreendidas entre os 10 e os 16 anos, e dezenas de feridos, também jovens, segundo as autoridades locais.

O Hezbollah negou estar na origem do ataque mortal.

No domingo, Israel prometeu responder "energicamente" ao ataque que atribuiu ao Hezbollah libanês.

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