Zelensky atribui avanços russos a falta de apoio militar ocidental
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, invocou hoje a proibição ocidental a ataques profundos em território russo e a falta de assistência material como a causa dos recentes ganhos territoriais da Rússia na Ucrânia.
© Vitalii Nosach/Global Images Ukraine via Getty Images
Mundo Ucrânia
"É um grande obstáculo o facto de não podermos usar armas ocidentais, pois precisamos de deter o inimigo", disse Zelensky numa entrevista a vários meios de comunicação franceses.
O líder ucraniano mostrou ainda pesar pela ajuda insuficiente por parte dos países ocidentais.
"Alguém acredita que é possível travar [os russos] se apenas três [brigadas ucranianas] em 14 estiverem equipadas?", lamentou Zelensky.
O Presidente ucraniano disse ainda que "o mundo inteiro", incluindo a Ucrânia, quer que a Rússia participe de uma próxima cimeira de paz este ano.
"A maioria do mundo diz hoje que a Rússia deve estar representada na segunda cimeira, caso contrário não chegaremos a resultados importantes. Como o mundo inteiro os quer à mesa, não podemos estar contra", disse Zelensky na entrevista realizada em Rivne, no oeste da Ucrânia.
A Ucrânia organizou em meados de junho na Suíça uma cimeira para a paz, com cerca de cem países, principalmente aliados, sem a presença da Rússia e da China, aliada de Moscovo que se recusou a participar.
A Ucrânia elaborará até novembro um plano que deverá servir de base para uma futura cimeira com a presença do Kremlin.
Mas o Presidente russo, Vladimir Putin, estabeleceu como condição para as negociações que Kiev abandone os territórios ucranianos que o exército russo ocupa e renuncie a aderir à NATO, reivindicações inaceitáveis para os ucranianos e os seus parceiros ocidentais.
A Ucrânia insiste no respeito pela sua integridade territorial, enquanto Moscovo reivindica a anexação de quatro regiões a partir de 2022, além da Crimeia em 2014.
No âmbito da primeira cimeira sobre a paz, Kiev também insistiu em três pontos: a livre navegação no Mar Negro, crucial para a sua economia e a segurança alimentar mundial; a entrega à Ucrânia dos prisioneiros e civis detidos ou deportados para a Rússia; o fim dos ataques contra a sua infraestrutura energética civil.
"Vamos preparar um plano baseado na fórmula de paz que foi apresentada publicamente na primeira cimeira, quero fixar uma data para os nossos diplomatas e quero que os nossos parceiros internacionais façam o mesmo, para que em novembro tenhamos um documento que contenha tudo: integridade territorial, soberania, etc.", explicou Zelensky.
Na entrevista, o Presidente ucraniano descreveu as sanções impostas à Rússia e à Bielorrússia nos Jogos Olímpicos de Paris como "meias medidas", denunciando a presença de atletas russos sob uma bandeira neutra, quando centenas de atletas ucranianos morreram desde o início da invasão.
"Todos os países do mundo veem claramente que os atletas sob a bandeira neutra são atletas da Rússia e da Bielorrússia", denunciou Zelensky.
Após a invasão da Ucrânia pela Rússia com o apoio da Bielorrússia, o Comité Olímpico Internacional proibiu estes dois países nos Jogos Olímpicos de 2024.
Contudo, vários cidadãos russos e bielorrussos que nunca apoiaram o ataque russo estão a participar individualmente, sob uma bandeira neutra e sem hino, nos Jogos Olímpicos.
Zelensky mostrou-se ainda ofendido pela ausência de sanções contra a Coreia do Norte, acusada de fornecer enormes quantidades de armas à Rússia, mas também pelo facto de as sanções económicas impostas pelo Ocidente a Moscovo estarem a ser contornadas.
O Presidente ucraniano explicou a sua ausência na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos em Paris pela situação tensa na frente leste, onde o exército russo avança.
"Gostava de estar presente, se a situação no meu país não fosse tão difícil", argumentou Zelensky.
[Notícia atualizada às 17h26]
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