"Vamos esperar. Creio que as provas têm de ser apresentadas, as atas, e acho que devem ter atas, mesmo que tenham sido realizadas eletronicamente, creio que no procedimento há atas, há registos para saber o que aconteceu", respondeu Andrés Manuel López Obrador, questionado pela agência de notícias espanhola EFE, durante a sua conferência matinal.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano divulgou o seu único boletim na noite de domingo, atribuindo a vitória a Nicolás Maduro com 51,2% dos votos, contra 44,2% do opositor Edmundo González Urrutia, apoiado pela dirigente María Corina Machado, que foi desqualificada para concorrer às eleições.
López Obrador apelou ao CNE venezuelano para que "dê todos os resultados" e torne públicos os registos das votações, e instou a oposição, "se não estiver satisfeita" com o veredicto final, a recorrer aos órgãos judiciais competentes.
"Mas não para iniciar confrontos e violência. Não é isso", disse o governante mexicano, com veemência.
O México rejeita o "intervencionismo" da OEA, que hoje realiza uma reunião extraordinária, em Washington, para abordar a crise pós-eleitoral na Venezuela.
Alicia Bárcena, ministra dos Negócios Estrangeiros mexicana, não participará na reunião convocada pela OEA por não concordar com a atitude da organização relativamente às eleições venezuelanas.
"Porque é que vamos a uma reunião como esta? Isto não é sério, não é responsável", sublinhou o chefe de Estado mexicano, que apelou ao fim do "intervencionismo", causa da "estagnação" dos problemas da Venezuela.
O Centro Carter (organização sem fins lucrativos fundada pelo ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter), que participou como observador nas eleições venezuelanas de domingo, declarou que o processo "não estava em conformidade" com os parâmetros e padrões internacionais de integridade eleitoral e, portanto, "não pode ser considerado democrático".
O Presidente mexicano reiterou a sua posição de "acompanhar de perto" a evolução da situação na Venezuela e apelou ao "respeito" pelo CNE.
Os resultados oficiais têm sido contestados nas ruas, com manifestações em várias cidades da Venezuela, em que já se registaram mortos e centenas de detidos.
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