O jornalista Ismail al-Ghoul e o operador de câmara Rami al-Refee foram mortos quando se encontravam no campo de refugiados Shati, a oeste da cidade de Gaza, de acordo com as primeiras informações.
Ambos se encontravam em reportagem perto na casa de Ismail Haniyeh, o líder político do Hamas assassinado algumas horas antes na capital do Irão, um ataque que o movimento islamita atribuiu a Israel. Haniyeh encontrava-se desde há vários anos exilado no Qatar.
Anas al-Sharif, uma das jornalistas da Al Jazeera presente em Gaza, deslocou-se ao hospital para onde foram levados os corpos dos dois colegas.
"Ismali estava a recolher testemunhos sobre o sofrimento dos deslocados palestinianos, o sofrimento dos feridos e dos massacres cometidos pela ocupação [israelita] contra o povo inocente de Gaza", referiu.
"Não há palavras que possam descrever o que aconteceu", acrescentou.
Antes deste último ataque mortal, "a guerra de Israel em Gaza já era considerado o conflito mais mortífero para os jornalistas e trabalhadores dos meios de comunicação do mundo", assinalou a Al Jazeera em comunicado.
"Sem Ismail, o mundo não teria visto as devastadoras imagens destes massacres", indicou o chefe de redação da estação, Mohamed Moawad.
"Fez uma implacável cobertura dos acontecimentos e transmitiu a realidade de Gaza ao mundo através da Al Jazeera. A sua voz foi agora silenciada (...). Ismail cumpriu a sua missão para com o povo e a sua pátria. Vergonha para aqueles que falharam na proteção dos civis, dos jornalistas e da humanidade", assegurou num texto divulgado na rede social X.
It is with a heavy heart that we mourn the loss of our colleague journalist, Ismail Al-Ghoul, who was killed in an Israeli airstrike while courageously covering the events in northern Gaza. Ismail was renowned for his professionalism and dedication, bringing the world’s attention… pic.twitter.com/g9YInFpuz8
— Mohamed Moawad (@moawady) July 31, 2024
O Comité para a proteção de jornalistas (CPJ, na sigla em inglês) informou previamente que, até ao início de julho, 108 profissionais dos 'media' foram mortos no enclave palestiniano pelas forças israelitas desde o início do atual conflito em 07 de outubro.
Em 05 de maio, o Governo israelita decidiu por unanimidade banir as emissões da Al Jazeera no país e ordenou o encerramento de todas as delegações. No mesmo dia, forças policiais irromperam nos escritórios da estação televisiva em Jerusalém leste e confiscaram todo o equipamento.
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