Diplomatas argentinos expulsos por Maduro abandonam Venezuela via Lisboa
Cinco diplomatas argentinos abandonam hoje a Venezuela num voo da TAP rumo a Lisboa, de onde partirão no sábado para Buenos Aires, via Madrid, após o fecho da Embaixada da Argentina em Caracas determinado pelo Presidente venezuelano.
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Mundo Venezuela
Cinco diplomatas argentinos abandonam hoje a Venezuela num voo da TAP rumo a Lisboa, de onde partirão no sábado para Buenos Aires, via Madrid, após o fecho da Embaixada da Argentina em Caracas determinado pelo Presidente venezuelano.
"Nicolás Maduro comunicou-nos em 29 de julho que expulsava os diplomatas argentinos, dando-nos 72 horas a partir dessa data para abandonar o território venezuelano sem considerar a redução de voos. Vamos cumprir com o prazo dessa ordem nesta quinta-feira", disse a ministra dos Negócios Estrangeiros argentina, Diana Mondino, durante um discurso no Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA), reunido nesta quarta-feira (31) em Washington para tratar da fraude eleitoral na Venezuela.
A Lusa confirmou com os diplomatas argentinos responsáveis que os cinco e os seus parentes, num total de 14 pessoas, embarcam num voo TAP às 15:20 de Caracas para Lisboa, de onde partirão no sábado, dia 03 para Buenos Aires com escala em Madrid.
O motivo do périplo via Europa é a falta de voos e o facto de a Venezuela ter fechado o espaço aéreo para voos com origem e destino na Argentina.
Os cinco diplomatas argentinos não conseguiram embarcar com os seis asilados políticos venezuelanos que estão na embaixada da Argentina em Caracas desde 20 de março, onde se refugiaram para escapar à perseguição do regime chavista por integrarem a equipa de campanha da líder opositora María Corina Machado.
Ao longo dos últimos quatro meses, a Argentina tentou um salvo-conduto que permitisse a saída dos asilados do país. O regime de Nicolás Maduro negou todos os pedidos até hoje. Sem o salvo-conduto, os seis venezuelanos poderiam ser presos pelo regime chavista assim que pusessem o pé fora da Embaixada.
A Argentina continua a pressionar pelo salvo-conduto para levar os asilados a uma terceira representação diplomática em Caracas, possivelmente de um ou mais países europeus, já que, além da Argentina, Maduro também expulsou os diplomatas de outros seis países latino-americanos: Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai.
Na segunda-feira, o regime de Maduro deu um ultimato para que todos os diplomatas desses sete países abandonassem o país em 72 horas. Os governos desses países foram acusados de "intromissão" e de "desconhecerem os resultados eleitorais".
No caso da Argentina, o ultimato limitou-se apenas aos diplomatas, sem incluir os seis venezuelanos sobre os quais há ordem de prisão.
"A permissão para sair do país abrange somente o pessoal argentino, que contará com todas as garantias para a sua retirada imediata do território nacional, e não possui nenhuma vinculação com a presença de cidadãos venezuelanos asilados nessa missão diplomática desde 20 de março de 2024", esclareceu a nota formal recebida pela Embaixada da Argentina em Caracas.
Ao discursar numa sessão de emergência da Organização dos Estados Americanos (OEA), Diana Mondino acusou na quarta-feira a Venezuela de "incumprimento da convenção sobre asilo diplomático", considerando que é "inconcebível que Maduro impeça que os requerentes de asilo saiam juntamente com os diplomatas argentinos expulsos, algo previsto na Convenção de Caracas de 1954, no artigo 19.º".
O organismo reuniu-se para analisar as eleições venezuelanas de domingo passado, em que o Nicolás Maduro reclamou vitória, apesar de acusações de fraude por parte da oposição.
Desde segunda-feira que a sede diplomática da Argentina em Caracas tem sido alvo de ações intimidatórias. Um grupo de oficiais encapuzados do Departamento de Ações Estratégicas e Táticas (DAET) da Venezuela ameaçou invadir a residência.
No dia seguinte, o governo venezuelano cortou o fornecimento de energia elétrica.
"O assédio tem sido contínuo. A eletricidade foi cortada. Pessoas encapuzadas intimidaram. Todos nós vimos os detalhes. E lembro, não a esta sala, mas ao regime do Sr. Maduro, que é obrigação do Estado receptor salvaguardar as instalações da missão diplomática contra intrusões, danos e preservar a sua tranquilidade e dignidade", advertiu a chanceler argentina, Diana Mondino, durante o discurso na OEA.
A pedido da opositora María Corina Machado, militantes formaram um cordão humano em volta da Embaixada argentina.
"Atenção! Forças policiais do regime rodeiam a embaixada argentina na Venezuela. (Fazemos) um apelo aos vizinhos para impedi-lo. Alertamos ao corpo diplomático na Venezuela", publicou María Corina Machado com um alerta que continua em vigor enquanto os asilados não encontrarem um destino final.
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