"A libertação só foi possível através da deportação de cidadãos russos com antecedentes nos serviços secretos que se encontravam detidos na Europa e da sua transferência para a Rússia", afirmou o porta-voz do executivo alemão, Steffen Hebestreit, num comunicado, no qual deu conta de uma operação que envolveu "a cooperação da Alemanha com os Estados Unidos da América (EUA) e os parceiros europeus".
A entrega de Krasikov, conhecido na Alemanha como o "assassino do [parque] Tiergarten" por ter matado um cidadão checheno, opositor do regime do Presidente russo Vladimir Putin, naquele parque de Berlim em 2019, "não foi uma decisão tomada de ânimo leve", disse o porta-voz do chanceler Olaf Scholz.
Ressalvou no entanto que o "dever de proteger os cidadãos alemães" e a solidariedade entre a Alemanha e os EUA "foram motivações importantes" para a decidir.
O Governo alemão não especificou a identidade ou a nacionalidade das 16 pessoas libertadas pelo Ocidente no âmbito do acordo, mas o comunicado inclui uma referência a Rico Krieger, o alemão de 30 anos que foi indultado na terça-feira pelo Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, depois de ter sido condenado à morte, entre outras coisas, por crimes terroristas.
Os meios de comunicação social alemães noticiam a libertação de mais quatro cidadãos alemães, incluindo alegadamente cidadãos condenados na Rússia por apoio à oposição e atividades no domínio dos direitos humanos.
Entre os prisioneiros libertados a caminho da Alemanha encontram-se também dissidentes russos, como o ativista septuagenário Oleg Orlov, líder da Memorial, uma organização que recebeu o Prémio Nobel da Paz em 2022.
No seu canal na rede social Telegram, a organização, tornada ilegal na Rússia, informou que Orlov "acabou de telefonar à sua mulher do avião: está a voar para Colónia", onde se espera que o chanceler alemão, Olaf Scholz, receba os prisioneiros libertados e faça uma declaração ao fim da tarde.
O grupo de apoio ao jovem russo-alemão Kevin Lik, de 18 anos, informou também no seu canal na rede Telegram que o jovem, que passou 526 dias atrás das grades depois de ter sido condenado por traição, "está finalmente a regressar à sua terra natal - a Alemanha - para onde se dirigia antes de ser preso".
O Governo alemão sublinhou que espera que todos os libertados "recuperem do seu sofrimento físico e psicológico na companhia das suas famílias e amigos".
"Os nossos pensamentos estão com aqueles que continuam presos na Rússia hoje por expressarem as suas opiniões e dizerem a verdade sobre a guerra de agressão de [Vladimir] Putin contra a Ucrânia. A sua coragem deve ser um exemplo para todos os democratas", disse o porta-voz do Governo alemão, que apelou aos líderes da Rússia e da Bielorrússia para libertarem as pessoas injustamente presas por razões políticas.
Leia Também: O quem é quem da troca de prisioneiros entre a Rússia e o Ocidente