Para facilitar o intercâmbio mais importante desde a Guerra Fria, Varsóvia libertou um jornalista 'freelance' espanhol acusado de espionagem a favor de Moscovo, detido na fronteira ucraniana alguns dias depois da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Esta decisão causou polémica, uma vez que a Polónia não obteve a libertação do jornalista Andrzej Poczobut, que se encontra preso na Bielorrússia.
Poczobut, 51 anos, correspondente do grande diário polaco Gazeta Wyborcza e membro ativo da minoria polaca na Bielorrússia, foi condenado em fevereiro de 2023 a oito anos de prisão.
"Gostaria de vos assegurar que os esforços para libertar outros presos políticos, incluindo Andrzej Poczobut, fazem parte de um processo diferente", declarou hoje à imprensa o ministro dos Negócios Estrangeiros polaco, Radoslaw Sikorski.
"Penso nele todos os dias", acrescentou o ministro, acrescentando que Varsóvia continua a trabalhar para a sua libertação, sem no entanto fornecer quaisquer pormenores.
O antigo ministro do Interior polaco, Mariusz Kaminski, do partido nacionalista Lei e Justiça (PiS), que perdeu o poder em outubro, acusou as atuais autoridades de não terem obtido "nada em troca" da libertação do alegado espião russo.
"As negociações sobre a troca de prisioneiros entre a Rússia e o Ocidente estão em curso há pelo menos um ano e meio", disse Kaminski na rede social X, acrescentando que tinha falado com Washington sobre a troca quando ainda estava em funções.
"A nossa condição para a troca de prisioneiros era a entrega de Andrzej Poczobut à Polónia", disse.
A troca de quinta-feira incluiu o cidadão alemão Rico Krieger, um médico de 30 anos que também tinha estado preso na Bielorrússia.
Na sexta-feira, os deputados do PiS anunciaram que tinham pedido ao Governo que explicasse as medidas adotadas para libertar Poczobut.
Poczobut fez uma reportagem sobre os protestos em massa contra o Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, e recusou-se a sair do país, apesar da histórica repressão contra os dissidentes.
Segundo amigos do jornalista, Poczobut não recebe medicação enquanto está detido e a sua saúde está a deteriorar-se.
Por seu lado, de acordo com o grupo de defesa dos direitos humanos Viasna, cerca de 1.400 presos políticos permanecem atrás das grades na Bielorrússia, um aliado próximo de Moscovo.
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