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Sheikh Hasina, a 'dama de ferro' do Bangladesh sob pressão

Sheikh Hasina encarnou durante muito tempo a esperança democrática para o Bangladesh, ajudando a derrubar a ditadura militar nos anos 1980, antes de exercer um poder cada vez mais autoritário.

Sheikh Hasina, a 'dama de ferro' do Bangladesh sob pressão
Notícias ao Minuto

12:33 - 04/08/24 por Lusa

Mundo Bangladesh

Desde julho, a primeira-ministra bengali tem enfrentado protestos em massa que começaram com manifestações contra as quotas de emprego na função pública e se transformaram numa das mais graves crises dos seus 15 anos de mandato, com os opositores a exigirem a sua demissão.

 

A líder de 76 anos, cuja história pessoal está indissociavelmente ligada à turbulência do país, ganhou um quinto mandato em janeiro, numa eleição controversa boicotada pela oposição.

Os críticos acusam o seu Governo de uma série de violações dos direitos humanos, incluindo o assassínio de opositores.

Filha mais velha do Xeque Mujibur Rahman, fundador do Bangladesh, que se tornou independente do Paquistão em 1971, Hasina está no poder desde 2009, após um primeiro mandato entre 1996 e 2001.

Sob a sua liderança, o país de 170 milhões de habitantes, outrora um dos mais pobres do mundo, registou uma forte expansão económica, graças, nomeadamente, ao desenvolvimento da sua indústria têxtil.

O Bangladesh registou um crescimento médio anual de mais de 6% desde 2009 e deverá ultrapassar a Índia em termos de rendimento per capita até 2021, apesar da persistência de grandes desigualdades. Cerca de 95% da população tem agora acesso à rede elétrica.

Com um novo mandato, "transformaremos todo o Bangladesh num país desenvolvido e próspero", prometeu Hasina no final de 2023, mas 18 milhões de jovens do Bangladesh continuam desempregados, segundo dados do Governo.

A comunidade internacional também se congratulou com a abertura do país em 2017, sob a sua liderança, a centenas de milhares de refugiados rohingya que fugiam dos massacres na nação vizinha Myanmar (antiga Birmânia).

Ao mesmo tempo, porém, quase todos os líderes do principal partido da oposição, o Partido Nacionalista do Bangladesh (BNP), e milhares de seus apoiantes foram presos, enquanto a liberdade de expressão foi drasticamente restringida.

Em tempos, Hasina aliou-se ao BNP para combater uma ditadura militar. Em 1975, com 27 anos, encontrava-se no estrangeiro com a irmã quando o pai, a mãe e os três irmãos foram assassinados em Daca durante o primeiro golpe militar.

Regressou do exílio na Índia em 1981 para assumir as rédeas da Liga Awami, fundado pelo seu pai, e foi sujeita a frequentes períodos de prisão domiciliária.

Aliou-se então a Khaleda Zia, que se tornou chefe do BNP depois de o seu marido Ziaur Rahman, Presidente do Bangladesh, ter sido assassinado num novo golpe militar em 1981.

Unidas contra a ditadura militar de Hossain Mohammad Ershad, as duas mulheres e os seus partidos entraram numa rivalidade feroz quando a democracia regressou em 1991, ano em que Khaleda Zia foi eleita.

Sheikh Hasina sucedeu-lhe para um primeiro mandato à frente do país em 1996, mas teve de a perder novamente em 2001.

As duas rivais foram finalmente presas por "corrupção" em 2007, durante um novo golpe de Estado orquestrado pelo exército. 

Os seus processos foram arquivados e, no ano seguinte, Hasina venceu as eleições legislativas por uma larga margem. 

Em 2018, Khaleda Zia foi condenada a 17 anos de prisão por corrupção.

Na última década, foram também executados cinco líderes islamistas de topo e uma figura da oposição, depois de terem sido condenados por crimes contra a humanidade cometidos durante a brutal guerra de libertação do país, em 1971.

Longe de sarar as feridas desse conflito, estes julgamentos deram origem a confrontos mortais, com os opositores a descrevê-los como uma farsa cujo principal objetivo é silenciar os dissidentes.

Em 2021, os Estados Unidos impuseram sanções a um ramo de elite das forças de segurança do Bangladesh, o RAB, por repetidas violações dos direitos humanos.

Em novembro, a organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) afirmou ter provas de "desaparecimentos forçados, tortura e execuções extrajudiciais".

"Em 15 anos, construí este país", declarou Hasina aos jornalistas no mês passado.

Leia Também: Mortos nos protestos antigovernamentais no Bangladesh sobem para 23

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