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Líbano evoca explosão do porto de Beirute num momento de receio de guerra

Os libaneses evocam hoje o quarto aniversário da mortífera explosão no porto de Beirute, numa altura em que o país sustém a respiração perante o receio de uma guerra total entre Israel e o movimento xiita Hezbollah.

Líbano evoca explosão do porto de Beirute num momento de receio de guerra
Notícias ao Minuto

12:49 - 04/08/24 por Lusa

Mundo Líbano

Durante a tarde, várias marchas deverão convergir para o porto para prestar homenagem às vítimas e pedir contas aos responsáveis, no momento em que a investigação está parada.

 

A explosão de 04 de agosto de 2020, que as autoridades libanesas têm atribuído a um incêndio num depósito no porto onde se encontravam armazenadas cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amónio, sem qualquer precaução.

A explosão provocou mais de 220 mortos e cerca de 6.500 feridos, bem como mais de duas dezenas de desaparecidos e ainda mais de 300.000 desalojados, além de ter devastado três bairros inteiros.

"A total falta de responsabilidade por uma catástrofe de tal dimensão provocada pelo homem é espantosa", lamentou a Coordenadora Especial das Nações Unidas para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert, numa declaração divulgada sábado, em que apelou a "uma investigação imparcial, exaustiva e transparente para estabelecer a verdade, a justiça e a responsabilidade".

Até à data, a investigação tem estado atolada em disputas jurídicas e políticas.

O primeiro juiz responsável pela investigação, em 2020, teve de desistir depois de ter acusado um antigo primeiro-ministro e três antigos ministros.

O seu sucessor, Tarek Bitar, também acusou políticos, mas foi obrigado a suspender o inquérito, antes de o retomar em janeiro de 2023. Foi então processado por insubordinação pelo Procurador-Geral, depois de ter acusado vários altos funcionários.

Um funcionário judicial, sob condição de anonimato, disse à AFP que Bitar deverá retomar a investigação "na próxima semana".

Quatro anos após a tragédia, os receios de uma guerra total entre Israel e o Hezbollah libanês, pró-iraniano, estão a pesar na sombria evocação.

Os apelos para abandonar o Líbano aumentaram este fim de semana, depois de o Irão, o Hamas palestiniano e o Hezbollah terem ameaçado retaliar contra o assassínio do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerão, na quarta-feira, atribuído a Israel, e depois de um ataque israelita na terça-feira ter matado o chefe militar do Hezbollah, Fouad Shukr, perto de Beirute.

A 01 de julho, familiares das vítimas e organizações não-governamentais locais e internacionais exigiram ao Conselho de Direitos Humanos da ONU a criação de uma comissão internacional para investigar a explosão.

"Quase quatro anos após a explosão, ninguém foi responsabilizado e as autoridades libanesas têm obstruído continuamente a investigação, levando à sua suspensão em dezembro de 2021", denunciaram então numa carta aberta centenas de familiares e dezenas de ONG.

Ramzi Kaiss, investigador da organização Human Rights Watch (HRW) no Líbano, realçou o facto de, enquanto outros países condenaram a interferência contínua das autoridades libanesas na investigação interna, "as autoridades ignoraram descaradamente as exigências de responsabilização".

Na 52.ª sessão do Conselho dos Direitos Humanos, em março de 2023, 38 Estados emitiram uma declaração conjunta condenando a obstrução e a interferência generalizadas na investigação interna do Líbano sobre a explosão do porto de Beirute.

Mais de um ano depois, sublinhou Kaiss, a investigação sobre a explosão continua paralisada e a ser "dificultada por obstrução sistémica, interferência, intimidação e um impasse político".

Leia Também: França apela aos seus cidadãos para abandonarem Líbano "rapidamente"

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