A União Europeia anunciou, este domingo, não reconhecer os resultados divulgados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) da Venezuela.
A tomada de posição já mereceu resposta de Nicolás Maduro, que afirmou que a União Europeia (UE) e o alto-representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, são "uma vergonha".
A oposição, já veio agradecer, ao passo que o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, negou, domingo, que exista uma ordem de prisão contra a líder da oposição, María Corina Machado, e o candidato presidencial da principal coligação da oposição, Edmundo González Urrutia.
UE com "forte preocupação"
Num comunicado conjunto, divulgado no sábado, os Governos da Alemanha, Espanha, França, Itália, Países Baixos, Polónia e Portugal manifestaram a sua "forte preocupação" com a situação na Venezuela, cujos resultados eleitorais foram contestados pela oposição, que recusa aceitar a vitória do Presidente, Nicolás Maduro.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ratificou na sexta-feira a vitória de Maduro com 52% dos votos contra 43% de Edmundo Gonzalez Urrutia, o candidato da oposição que substituiu Machado, que fora declarada inelegível.
Alegando ser vítima de pirataria informática, o CNE, que a oposição acusa de ser subserviente ao regime, ainda não divulgou as atas eleitorais.
Já este domingo, a União Europeia disse que "continua a acompanhar os acontecimentos na Venezuela com grande preocupação" e que os resultados das últimas eleições presidenciais publicados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) "não podem ser reconhecidos" sem a divulgação das atas eleitorais.
"Relatórios de missões internacionais de observação eleitoral afirmam claramente que as eleições presidenciais de 28 de julho não atenderam aos padrões internacionais de integridade eleitoral", lê-se numa missiva do Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell.
No comunicado, Borrell sublinha que as cópias das votações publicadas pela oposição, e analisadas por várias organizações independentes, indicam que Edmundo González Urrutia, o candidato apoiado pela oposição, "seria o vencedor das eleições presidenciais por uma significativa maioria".
"Uma vergonha", atira Maduro
Em resposta, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que a União Europeia (UE) e o alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, são "uma vergonha".
"A União Europeia saca da sua cantilena, a mesma União Europeia que reconheceu [Juan] Guaidó, uma vergonha a União Europeia, o Sr. Borrell é uma vergonha, é uma vergonha que levou a Ucrânia a uma guerra e agora lava as mãos", disse Maduro, numa iniciativa com a Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militarizada).
Nicolás Maduro criticou também a UE por ter pedido às autoridades venezuelanas que respeitassem as manifestações realizadas desde segunda-feira em rejeição aos resultados oficiais publicados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que proclamou o Presidente vencedor.
"Agora diz que na Venezuela há repressão de manifestações pacíficas, diz o Sr. Borrell. Pacíficas? Quando atacam a população, hospitais, CDI [Centros de Diagnóstico Integral], escolas, unidades de autocarros, estações de metro?", questionou.
"Agradecemos apelo da União Europeia"
Entretanto, a oposição veio já agradecer o apelo da União Europeia. "Agradecemos o apelo da União Europeia ao respeito pelos direitos fundamentais dos venezuelanos e o seu pedido de uma verificação independente dos resultados, com base nos registos de votação eleitoral que apresentamos e que credenciam a nossa vitória", escreveu Urrutia, na rede social X (antigo Twitter), no domingo.
Enquanto as manifestações prosseguem no país e um pouco por todo o mundo, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, negou, também este domingo, que exista uma ordem de prisão contra a líder da oposição, María Corina Machado, e o candidato presidencial da principal coligação da oposição, Edmundo González Urrutia.
"Gostaria de a ver, onde é que ela está? Apresentem essas ordens, vamos vê-las, mas é que neste momento isso não existe. Há uma investigação geral que teve como efeito direto a detenção de pessoas que incendiaram repartições públicas com pessoas no seu interior, o que é extremamente grave", disse Tarek Saab à Rádio Caracol, um meio de comunicação social colombiano.
O procurador foi questionado sobre o assunto, depois da informação ter sido publicada em vários meios e se ter tornado viral nas redes sociais, sem que houvesse qualquer confirmação oficial em nenhum momento.
O CNE ratificou na sexta-feira a vitória de Nicolás Maduro com 52% dos votos contra 43% de Edmundo Gonzalez Urrutia.
Na sequência da denúncia de fraude por parte da oposição, o país latino-americano tem sido palco de manifestações de protesto que, segundo organizações de defesa dos direitos humanos, já resultaram na morte de 11 civis e na detenção de mais de 2 mil pessoas.
Leia Também: Presidente chileno recebe Lula em visita após eleições venezuelanas