"Estes tipos são estranhos", disse Tim Walz sobre os seus rivais Trump e Vance, sem saber ainda que a frase o catapultaria para a fama. Semanas depois, Kamala Harris, e o seu candidato a vice-presidente, Tim Walz, apareceram juntos, pela primeira vez, esta terça-feira, num comício em Filadélfia, Pensilvânia, nos Estados Unidos.
Perante uma multidão eufórica, e depois do anúncio oficial, Kamala Harris admitiu que as últimas semanas têm sido "uma montanha-russa" e apresentou-se, oficialmente, como a candidata democrata às presidenciais de novembro.
Ao expor a sua visão para o futuro dos Estados Unidos, defendendo uma luta pelas liberdades fundamentais, Harris apresentou, oficialmente, o seu companheiro de candidatura, Tim Walz. "Desde o dia em que anunciei a minha candidatura que me preparei para encontrar um parceiro que me ajudasse a construir este futuro mais brilhante, um líder que ajudasse a unir a nossa nação e a fazer-nos avançar, um lutador pela classe média e um patriota", disse.
"Estou aqui hoje porque encontrei esse líder: governador Tim Walz do grande estado do Minnesota", anunciou, elogiando também o seu papel familiar e o seu percurso profissional, nomeadamente como professor, e expressando a crença de que Walz será "vice-presidente dos Estados Unidos".
"Soldado mais graduado do Congresso"
Para Biden, a dupla Harris-Walz "será uma voz poderosa para os trabalhadores e para a classe média americana", escreveu o presidente na sua conta na rede social X. Ambos "serão os mais fortes defensores das nossas liberdades individuais e da nossa democracia", adiantou.
"Conheço Tim Walz há quase duas décadas, primeiro no seu tempo no Congresso e depois como governador. Um marido e um pai, foi um professor de escola e treinador de futebol. Serviu durante 24 anos na Guarda Nacional e tornou-se o soldado mais graduado a servir no Congresso", lembrou Biden na sua mensagem.
"É tempo de todos os democratas - na verdade, todos os americanos - se empenharem na liberdade, na democracia e na liderança da América no mundo, juntando-se à equipa Harris-Walz", acrescentou Biden, que abandonou a sua corrida a um segundo mandato, pressionado dentro e fora do seu partido.
"Toda a geração de americanos enfrentou um momento em que foi chamada a defender a democracia. Este momento é agora", concluiu o Presidente.
A escolha também foi elogiada pelo ex-presidente norte-americano Barack Obama que afirmou, esta terça-feira, que a sua esposa, Michelle Obama, e ele não poderiam estar "mais felizes" por Tim Walz, o escolhido para número dois da candidata democrata à presidência dos EUA Kamala Harris.
"Tal como a vice-presidente Harris, o governador Tim Walz acredita que o governo trabalha para nos servir. Não apenas alguns de nós, mas todos nós", começou por escrever Obama, na legenda de um comunicado divulgado na rede social X (antigo Twitter).
"É isso que faz dele um excelente governador, e é isso que fará dele um vice-presidente ainda melhor. Michelle e eu não poderíamos estar mais felizes por Tim e Gwen, pela sua família e pelo nosso país", acrescentou.
Walz, o professor que acredita que os agressores "não têm poder"
Embora não seja muito reconhecido fora das fronteiras do seu estado do Minnesota, Walz, de 60 anos distinguiu-se nas últimas semanas pelas suas repetidas farpas contra Donald Trump e contra a sua equipa, que descreve como um grupo de "tipos estranhos".
"Não temos medo de tipos estranhos", assegurou este governador de tom afável e de discurso rápido, durante uma reunião de campanha. "Acredite na minha experiência como professor, os agressores não têm poder", explicou.
Nascido no estado do Nebraska, passou muitos anos no mundo do ensino, principalmente como professor de geografia e treinador de futebol americano, que ensinou durante alguns meses na China, logo após os acontecimentos de Tiananmen na primavera de 1989.
"O facto de poder frequentar uma escola secundária chinesa nesse momento crucial pareceu-me relevante", confidenciou anos mais tarde perante uma comissão do Congresso norte-americano, onde serviu durante 12 anos.
Quando circularam os primeiros rumores sobre a sua nomeação como candidato a vice-presidente na equipa de Kamala Harris, alguns internautas questionaram-se sobre se esta dupla teria realmente a mesma idade, acompanhando as suas mensagens com uma foto de Tim Walz, careca.
Em janeiro de 2019, tornou-se governador do Minnesota, estado da região dos Grandes Lagos, que faz fronteira com o Canadá.
Quase um ano depois, foi obrigado a lidar com duas grandes crises: a pandemia de Covid-19 e a morte do afro-americano George Floyd, asfixiado enquanto estava sob custódia policial.
Por causa deste episódio, Minneapolis, a maior cidade do estado do Minnesota, foi o epicentro de um enorme movimento de manifestações antirracistas que abalaram a América durante vários meses.
Os republicanos acusam este governador de ser demasiado negligente na gestão do crime, enquanto os democratas, pelo contrário, elogiam o seu historial na proteção do direito ao aborto.
Após a decisão do Supremo Tribunal, em junho de 2022, que anulou a proteção constitucional do aborto, Tim Walz empenhou-se em tornar o seu estado num santuário para mulheres que procuravam fazer um aborto.
Uma clínica, localizada no estado vizinho do Dakota do Norte, que é muito mais repressivo neste tema, mudou-se mesmo para o seu lado da fronteira.
Em março de 2024, participou na primeira viagem de um vice-presidente a uma clínica de aborto, ao lado de Kamala Harris, com quem espera agora entrar na Casa Branca.
Walz, é o candidato do Partido Democrata a vice-presidente escolhido por Kamala Harris, que encabeçará a candidatura. A notícia foi primeiro avançada pelas publicações internacionais, e, entretanto, confirmada pela candidata democrata à presidência, Kamala Harris.
O governador era um de três políticos democratas nos quais Kamala Harris tinha focado a sua busca por um parceiro de candidatura, sendo os outros o governador da Pensilvânia Josh Shapiro e o senador do Arizona Mark Kelly.
O Partido Democrata já nomeou oficialmente Kamala Harris como candidata a suceder a Joe Biden nas eleições presidenciais, onde irá enfrentar o republicano Donald Trump.
Harris, filha de pai jamaicano e de mãe indiana, torna-se assim a primeira mulher negra a ser nomeada como candidata presidencial por um dos dois partidos que têm dominado a política dos Estados Unidos da América (EUA) desde a fundação do país em 1776.
Durante a convenção em Chicago, que decorrerá de 19 a 22 de agosto, haverá uma chamada cerimoniosa para assinalar a nomeação, emulando o estilo festivo de nomeações anteriores.
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