"Estamos a fazer o nosso melhor para organizar a cerimónia de posse amanhã (quinta-feira)", afirmou o militar, em declarações transmitidas pela televisão local, indicando como possível horário para o evento as 20h00 locais (15h00 de Lisboa).
A mesma fonte referiu que o laureado vai liderar um "processo democrático" à frente do governo interino, depois de na terça-feira o Presidente do Bangladesh, Mohammed Shahabuddin, ter concordado em nomear Yunus, 84 anos, como conselheiro sénior do Governo interino, após os líderes dos protestos antigovernamentais que derrubaram a ex-primeira-ministra Sheikh Hasina terem proposto a candidatura.
Hasina está desde segunda-feira na Índia.
Na sua comunicação, o general estimou ainda que Yunus deva liderar um "belo processo democrático".
Falando com jornalistas em Paris, Yunus afirmou estar ansioso por "voltar a casa", observar a situação e participar na organização para resolver os problemas.
Questionado sobre quando seriam realizadas as eleições, o responsável levantou as mãos como se indicasse que era cedo demais para dizer. "Vou lá e falarei com eles. Sou novo neste território".
Yunus foi absolvido em recurso após uma condenação em primeira instância, anunciou entretanto um dos seus advogados, referindo-se a acusações relacionadas com o direito do trabalho.
O economista tinha sido condenado em janeiro a seis meses de prisão por uma infração relacionada com o trabalho, mas foi imediatamente libertado sob fiança enquanto aguardava a decisão sobre o seu recurso e viajou para o estrangeiro.
Organizações de defesa dos direitos humanos, como a Amnistia Internacional, criticaram o caso como sendo um processo político.
"O tribunal deu provimento ao seu recurso e absolveu-o", informou o advogado Khaja Tanvir Ahmed.
Também hoje, a líder da oposição e ex-primeira-ministra Khaleda Zia apelou a todos para não seguirem o caminho da destruição no país, dirigindo-se aos seus apoiantes desde a cama de hospital onde se encontra, naquele que foi o seu primeiro discurso público desde 2018, quando foi pressa por acusações de corrupção.
"Sem destruição, sem raiva e sem vingança, precisamos de amor e paz para reconstruir o nosso país", afirmou através de uma ligação de vídeo, na qual anunciou ainda ter sido libertada e querer agradecer às "pessoas corajosas que lutaram com tudo para tornar possível o impossível".
Os confrontos entre os apoiantes da Liga Awami, da antiga primeira-ministra Hasina, e as forças de segurança com os movimentos estudantis e da oposição provocaram centenas de mortos nas últimas semanas.
O número de vítimas poderá aumentar devido aos muitos feridos graves e à possibilidade de confrontos com os apoiantes de Hasina durante a nova marcha convocada pelos movimentos estudantis.
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