O assassínio de Haniyeh, atribuído a Israel por Teerão, "é uma violação flagrante da soberania, da integridade territorial e da segurança nacional da República Islâmica do Irão", realçou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita, Walid bin Abdelkarim El-Khereiji.
El-Khereiji destacou também que o ataque representa "uma ameaça à paz e segurança regional", ao mesmo tempo que rejeitou "qualquer violação da soberania dos Estados ou interferência nos assuntos internos dos países".
Esta ação constitui "uma violação do Direito Internacional e da Carta das Nações Unidas", acrescentou.
O vice-ministro apresentou a primeira reação de Riade sobre este ataque durante uma reunião da Organização de Cooperação Islâmica (OIC), que decorreu em Jidá, de acordo com um comunicado oficial.
Já o ministro dos Negócios Estrangeiros da Gâmbia e presidente da OCI, Mamadou Tangara, considerou que o assassínio de Haniyeh corre o risco de conduzir o Médio Oriente para um "conflito mais alargado".
O assassínio de Haniyeh "não irá sufocar a causa palestiniana, mas pelo contrário irá amplificá-la, sublinhando a urgência da justiça e dos direitos humanos para o povo palestiniano", acrescentou.
Durante a reunião, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano em exercício, Ali Bagheri, frisou que perante a "ausência de qualquer ação apropriada por parte do Conselho de Segurança [da ONU] contra as agressões e violações do regime israelita, a República Islâmica do Irão não tem outra escolha senão usar o seu direito inerente de 'autodefesa'".
Esta organização acusou hoje Israel, em comunicado, de ser "inteiramente responsável" pela morte Ismail Haniyeh.
A OCI afirmou que "considera Israel, a potência ocupante ilegal, totalmente responsável por este ataque hediondo", que descreve como "ataque grave" à soberania do Irão.
O Presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, exortou hoje os países ocidentais a terminarem com o apoio a Israel para evitar uma guerra regional, quando se receia uma escalada militar.
"Se os Estados Unidos e os países ocidentais pretendem evitar a guerra e a insegurança na região, devem imediatamente interromper a venda de armas e de apoiar o regime sionista", declarou Pezeshkian no decurso de um contacto telefónico com o homólogo francês, Emmanuel Macron, de acordo com um comunicado da Presidência iraniana.
As tensões no Médio Oriente agravaram-se após o ataque mortal que vitimou Ismail Haniyeh em 31 de julho na capital iraniana, atribuído a Israel, que não comentou este ataque.
Haniyeh encontrava-se em Teerão para a cerimónia de investidura do Presidente reformador recentemente eleito.
Irão e os seus aliados, o Hamas palestiniano e o Hezbollah libanês, prometeram retaliar, suscitando fortes inquietações num contexto muito explosivo relacionado com a guerra na Faixa de Gaza entre o movimento islamita palestiniano Hamas e Israel, que hoje entra no 11.º mês.
O Irão não reconhece Israel e elegeu a causa palestiniana como um elemento central da sua política externa desde a Revolução islâmica de 1979.
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