Puigdemont já está em Espanha: "Espero voltar a gritar 'Catalunha Livre'"

O independentista da Catalunha regressou a Espanha, onde é alvo de um mandado de detenção, após quase sete anos no estrangeiro. Perante uma multidão no centro de Barcelona frisou que "não é e nunca será crime realizar um referendo".

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Notícias ao Minuto com Lusa
08/08/2024 08:11 ‧ 08/08/2024 por Notícias ao Minuto com Lusa

Mundo

Espanha

O independentista da Catalunha e antigo presidente do governo regional Carles Puigdemont regressou, esta quinta-feira, a Espanha, após quase sete anos a viver no estrangeiro para fugir à justiça do país.

 

"Apesar de me terem querido fazer muito mal, hoje vim aqui para lhes lembrar que ainda cá estamos", começou por afirmar perante uma multidão junto ao Arco do Triunfo, no centro de Barcelona, citado pela imprensa espanhola.

O independentista frisou que "o direito à autodeterminação pertence ao povo" e que "não é e nunca será crime realizar um referendo, nem obedecer ao mandato do Parlamento da Catalunha".

"Nos dias difíceis temos de estar juntos. Não sei quanto tempo vai demorar até nos voltarmos a ver, mas aconteça o que acontecer, quando nos voltarmos a ver espero que possamos gritar juntos mais uma vez: Viva a Catalunha livre", disse ainda.

Puigdemont surgiu publicamente nas ruas de Barcelona, poucos minutos antes das 09h00 locais (08h00 em Lisboa), numa concentração em que estão centenas de pessoas e que foi convocada pelo partido a que pertence, o Juntos pela Catalunha (JxCat).

Eleito deputado nas eleições catalãs de 12 de maio, Puigdemont anunciou na quarta-feira que pretendia estar hoje na sessão parlamentar convocada para votar a investidura do socialista Salvador Illa como presidente do governo autonómico catalão (conhecido como Generalitat).

Puigdemont, que protagonizou a declaração unilateral de independência da Catalunha de outubro de 2017, continua a ser alvo de um mandado de detenção em território espanhol e admitiu, num vídeo que divulgou nas redes sociais, que arrisca ser detido hoje, com este regresso a Espanha.

A polícia montou um perímetro de segurança em redor do edifício do parlamento autonómico da Catalunha, localizado num parque que está a poucos metros da praça onde está Puigdemont, que subiu a um palco e está a falar aos apoiantes.

O parlamento tem todos os acessos bloqueados, menos um, controlado pelas forças de segurança.

O dirigente separatista poderá ser detido neste acesso ao parlamento, quando se identificar à polícia para tentar entrar no perímetro do edifício, para participar na sessão parlamentar, convocada para as 10:00 locais (09:00 em Lisboa).

Puigdemont defendeu na quarta-feira que a sua detenção seria "arbitrária e ilegal", por estar já em vigor a lei de amnistia para separatistas da região, aprovada pelo parlamento de Espanha.

O Tribunal Supremo espanhol recusou, num primeiro parecer, aplicar a amnistia a Puigdemont, que apresentou recurso desta decisão e aguarda uma resposta.

O "desafio" do Tribunal Supremo "tem de ter uma resposta e de ser confrontado" em nome da democracia, disse Puigedemont, para justificar o regresso hoje a Espanha.

A detenção de Puigdemont, se se confirmar, deverá levar à suspensão ou adiamento da sessão parlamentar para investir o novo líder da Generalitat, segundo declarações do presidente da assembleia regional catalã, Josep Rull, e de vários partidos.

Se não houver um presidente da Generalitat investido pelo parlamento até 26 de agosto, as eleições catalãs terão de ser repetidas.

O Partido Socialista da Catalunha (PSC, estrutura regional do Partido Operário Espanhol, PSOE) foi o mais votado nas últimas eleições catalãs, em que as forças independentistas perderam a maioria absoluta que nos últimos 14 anos garantiu sempre executivos separatistas na região.

Salvador Illa negociou o apoio da independentista Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), que foi o terceiro partido mais votado, para ser investido presidente da Generalitat.

O outro grande partido independentista, o Juntos pela Catalunha (JxCat, conservador), de Carles Puigdemont, foi o segundo mais votado e apostava pela repetição das eleições.

O JxCat condenou a ERC por estar disposta a acabar com a frente separatista catalã e viabilizar um governo "espanholista" para a região.

A situação política na Catalunha tem tido e deverá continuar a ter impactos diretos na governação de Espanha, por o executivo nacional do socialista Pedro Sánchez depender do apoio parlamentar tanto da ERC como do JxCat.

[Notícia atualizada às 08h22]

Leia Também: Investidura de governo na Catalunha ameaçada por regresso de Puigdemont

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