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Socialista Salvador Illa investido presidente do governo da Catalunha

O parlamento da Catalunha investiu hoje o socialista Salvador Illa como presidente do governo autonómico e pôs fim a 14 anos consecutivos de executivos independentistas nesta região do nordeste de Espanha.

Socialista Salvador Illa investido presidente do governo da Catalunha
Notícias ao Minuto

18:42 - 08/08/24 por Lusa

Mundo Catalunha

Illa foi eleito hoje para o cargo com 68 votos a favor dos 135 deputados catalães, uma maioria absoluta de apoios.

 

Além dos 42 deputados do Partido Socialista da Catalunha (PSC, estrutura regional do Partido Socialista Operário Espanhol, PSOE), votaram a favor da investidura de Salvador Illa os 20 deputados da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, independentista) e os seis do Comuns (esquerda).

Os restantes 66 deputados presentes votaram contra, num bloco que juntou os partidos da direita e da extrema-direita espanhola e da direita, da extrema-direita e da extrema-esquerda independentista.

Um deputado, o independentista e antigo presidente do governo regional Carles Puigdemont, alvo de um mandado de detenção em Espanha, faltou à sessão e não votou.

A investidura hoje do líder do PSC põe fim a 14 anos consecutivos de executivos independentistas na Catalunha, durante os quais a região passou por um processo de tentativa de autodeterminação que culminou com uma declaração unilateral de independência em 2017.

No discurso com que hoje se apresentou como candidato aos deputados, Illa sublinhou a intenção de unir a Catalunha, após mais de uma década marcada pelo independentismo.

O dirigente socialista, de 58 anos, que foi ministro da Saúde de Espanha durante a pandemia de covid-19, defendeu que "chegou a hora de todos e cada um dos catalães e catalãs se voltarem a sentir parte da mesma Catalunha".

Illa sublinhou o objetivo de colocar as políticas e os serviços públicos no centro da ação política na região.

O novo ciclo político na Catalunha saiu das eleições autonómicas de 12 de maio, em que os socialistas foram os mais votados e os partidos independentistas perderam a maioria absoluta que tinham há mais de uma década no parlamento autonómico.

A ERC, "entendendo os resultados" e assumindo não ser possível haver um novo governo na Catalunha liderado por independentistas, negociou a viabilização de um executivo de esquerda com o PSC.

O outro grande partido independentista, o Juntos pela Catalunha (JxCat, conservador), de Carles Puigdemont, que desde 2017 vive na Bélgica para fugir à justiça espanhola, apostava pela repetição das eleições e condenou a ERC por estar disposta a acabar com a frente separatista catalã e viabilizar um governo "espanholista" para a região.

Puigdemont foi hoje visto publicamente na Catalunha pela primeira vez em quase sete anos, num breve comício no centro da cidade perante milhares de apoiantes, que foi transmitido pelas televisões.

Apesar do mandado de detenção de que é alvo, Puigdemont chegou ao comício e abandonou depois o local sem ser detido, estando de novo em paradeiro desconhecido.

Esta passagem de Puigdemont por Barcelona acabou por marcar esta quinta-feira e relegar para o segundo plano da atenção pública e mediática a sessão parlamentar de investidura do novo presidente do governo regional (conhecido como Generalitat).

Na abertura da sessão no parlamento catalão, e pouco depois de Puigdemont ter passado pelas ruas de Barcelona, Salvador Illa pediu aos juízes para aplicarem "sem subterfúgios" a amnistia para os independentistas aprovada pelos deputados espanhóis e que até agora têm recusado a Puigdemont.

"Com respeito pela divisão de poderes e pelo poder judicial, peço respeito pela esfera de decisão do poder legislativo, que manifestou de forma clara, explícita e inequívoca a sua vontade de normalização plena", afirmou.

O acordo da ERC com os socialistas que levou hoje Illa ao poder na Catalunha prevê, entre outros aspetos, uma "soberania fiscal" para a região, reivindicada há muito pelos independentistas.

A ERC, que estava à frente do executivo regional mas ficou em terceiro nas eleições de maio, negociou já com os socialistas do primeiro-ministro Pedro Sánchez, na última legislatura, indultos e uma amnistia para separatistas.

Como os indultos e a amnistia, a questão da "soberania fiscal" para a Catalunha, semelhante à que já existe para o País Basco e Navarra, está a gerar nova polémica em Espanha, incluindo entre dirigentes do PSOE.

O caso basco e navarro reconhece especificidades históricas e é uma exceção dentro das 17 regiões autónomas, sendo considerado pouco ou nada solidário com o resto do país.

A situação política na Catalunha tem tido e deverá continuar a ter impactos diretos na governação de Espanha, por o executivo de Sánchez depender do apoio parlamentar tanto da ERC como do JxCat.

[Notícia atualizada às 19h32]

Leia Também: Polícia catalã diz que tentou deter Puigdemont mas quis evitar distúrbios

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