"A Rússia trouxe a guerra ao nosso país e deve sentir" os efeitos, sublinhou Zelensky no seu discurso diário, sem mencionar explicitamente a recente entrada de tropas ucranianas na Rússia.
O governante frisou que os ucranianos sabem "como atingir os seus objetivos" numa guerra que não foi sua escolha.
"Esforçamo-nos por atingir os nossos objetivos o mais rapidamente possível em tempos de paz -- em condições de paz justas. E isso vai acontecer", garantiu.
Zelensky revelou ainda que recebeu um relatório do ministro da Defesa, Rustem Umerov, sobre "o fornecimento de armas e equipamento" ao Exército ucraniano e pelo chefe do serviço de segurança da Ucrânia, Vasily Maliuk, sobre as operações e "trabalho sensível" da agência, que "protege os ucranianos da sabotagem russa e das tentativas de assassínio" dentro do país.
A incursão militar ucraniana na província russa de Kursk, de que as autoridades de Kiev evitam falar, é definida até agora por analistas locais como uma tentativa de dispersar as forças russas e retirar iniciativa ao país invasor.
"Cabe ao Exército dizer o que está a acontecer lá", disse Mikhailo Podoliak, assessor do chefe do gabinete presidencial em declarações à televisão, no que constitui o primeiro comentário sobre o tema de um representante do Governo, assinala a agência noticiosa Efe.
Nem o Presidente ucraniano nem o Estado-Maior do Exército ou outros altos cargos revelaram até ao momento qualquer detalhe sobre a participação das forças ucranianas na incursão.
A maior parte das informações sobre a extensão da operação em curso são provenientes de fontes russas, indicou o analista militar Oleksandr Kovalenko.
No entanto, em declarações à Efe, referiu que as forças atacantes conseguiram controlar 400 quilómetros quadrados de território russo, quase metade da extensão tomada na Ucrânia no início de 2024 em intensos combates por forças russas numericamente muito superiores.
A compreensão sobre os possíveis objetivos da Ucrânia em Kursk podem alterar-se rapidamente quando surgirem mais detalhes sobre a operação, preveniu Kovalenko.
Ao capturar território russo ao fim de dois anos e meio do início da invasão, a Ucrânia também demonstra que os receios dos seus aliados sobre uma possível resposta de Moscovo, que os impeliu a limitar o seu apoio a Kiev, são exagerados, argumentou por sua vez nas redes sociais Timofi Milovanov, presidente da Escola de ciências económicas de Kiev, também citado pela Efe.
Algumas vozes críticas na Ucrânia questionaram a oportunidade de utilizar os escassos recursos militares em Kursk, em vez de reforçar as tropas exaustas e em inferioridade numérica no leste, em particular nas regiões de Toretsk e Pokrovsk.
Mas também surgiram apreciações positivas.
"Bravo por todos os que o planearam. Utilizaram-se os princípios da guerra: surpresa, caráter massivo, unidade de comando, ofensiva, iniciativa, logística", comentou na rede social X Bogdan Krotevich, um comandante da brigada "Azov" que recentemente tinha criticado publicamente a contraofensiva do verão de 2023.
Leia Também: Kyiv pretende com incursão em Kursk retirar iniciativa à Rússia