No segundo comunicado conjunto em sete dias, divulgado em português e espanhol, os três países que procuram mediar uma solução para a crise na Venezuela, "consideram fundamental a apresentação pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) dos resultados das eleições presidenciais de 28 de julho de 2024 desagregados por mesa de votação" e não pelo Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela (TSJ), para onde supostamente foram enviados.
Na sequência da reunião virtual dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos três países, pediram ainda "a verificação imparcial dos resultados" e apelaram aos atores políticos e sociais da Venezuela "para que exerçam a máxima cautela e moderação em manifestações e eventos públicos".
Relativamente às forças de segurança do país, o apelo foi para que garantam o pleno exercício do direito de manifestação.
"O respeito aos Direitos Humanos deve prevalecer em qualquer circunstância", frisaram Brasil, Colômbia e México (governos de esquerda na região) e que conseguem falar politicamente com o Presidente eleito da Venezuela, Nicolás Maduro.
Por último, os três países frisaram que "as soluções da situação atual devem surgir da Venezuela", mostrando-se disponíveis para "apoiar os esforços de diálogo e busca de entendimentos que contribuam à estabilidade política e à democracia no país".
A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais em 28 de julho, após as quais o CNE atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia, obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um "ciberataque" de que alegadamente foi alvo.
Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de cerca de duas mil detenções e de mais de duas dezenas de vítimas mortais.
Leia Também: Igreja diz que "é ilegal e inaceitável não reconhecer vontade do povo"