De forma raramente dura com o governo israelita, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, qualificou como "indigna" a declaração daquele ministro ultranacionalista e antiárabe, que tem a pasta das Finanças.
Kirby acusou mesmo Smotrich de estar disposto a "sacrificar" a vida dos reféns sequestrados pelo Hamas.
Em causa está uma publicação de Smotrich nas redes sociais, em que pedia ao primeiro-ministro, Benjamín Netanyahu, que recusasse a proposta dos negociadores [EUA, Qatar e Egito) por a considerar "um acordo de rendição".
O porta-voz recordou que o governo de Joe Biden está mobilizado para "defender de novo" Israel, perante a possibilidade de sofrer um ataque do Irão, como ocorreu em abril.
"A ideia de que o Presidente Biden iria apoiar um acordo que deixasse Israel indefeso é indignante", afirmou Kirby.
"Deveria envergonhar-se por exprimir essas opiniões sobre o acordo", acrescentou.
Segundo Kirby, as palavras de Smotrich indicam que "sacrificaria as vidas dos reféns israelitas e também as dos reféns [norte-]americanos".
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA insistiu em que, diga o que disser o ministro, o acordo "deve concretizar-se" nos próximos dias, tal como solicitaram os negociadores dos EUA, Qatar e Egito.
Este trio exigiu na quinta-feira a Israel e ao Hamas que "retomem as negociações urgentes na quinta-feira, dia 15 de agosto, em Doha ou no Cairo, para encerrar o que falta e começar a aplicação do acordo sem mais demoras".
A atual proposta baseia-se nos princípios descritos em maio por Biden, que incluem uma primeira fase, de seis semanas, durante a qual haveria um cessar-fogo total, a retirada das tropas israelitas da Faixa de Gaza e a troca de reféns israelitas por presos palestinianos nas cadeias israelitas.
No início desta semana, Smotrich tinha chocado a ONU e escandalizado a União Europeia quando disse que "poderia ser justificado e moral provocar a morte pela fome de dois milhões de civis [palestinianos] para libertar os reféns" israelitas.
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