Oposição venezuelana denuncia perseguição política a "níveis desumanos"
A Plataforma Unitária Democrática (PUD), a principal coligação de oposição venezuelana, denunciou hoje que a perseguição no país está a "níveis desumanos" após as eleições de 28 de julho, cujo resultado oficial ratificou a vitória de Maduro.
© YURI CORTEZ/AFP via Getty Images
Mundo Venezuela
"Durante os últimos dias, a repressão e a perseguição política chegou a níveis desumanos e críticos, em que dezenas de adolescentes, centenas de mulheres e homens foram sequestrados por expressar a sua vontade de mudança e de um futuro melhor", alertou a coligação na rede social X.
A plataforma referia-se às mais de 2.400 detenções que, segundo o executivo, foram realizadas nos últimos 13 dias no contexto de protestos pós-eleitorais, bem como em operações policiais e militares na via pública e na busca de pessoas nas suas residências.
A PUD, que assegura que o seu candidato, Edmundo González Urrutia, ganhou as eleições por ampla margem, agradeceu a declaração feita na sexta-feira pelo gabinete do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), que pediu a libertação daqueles que foram vítimas de "detenções arbitrárias".
"Depois da vitória eleitoral de González Urrutia, temos de continuar a levantar a voz e este tipo de declarações são contributos importantes que ajudam a nossa causa democrática e pacífica", acrescentou o bloco, que publicou "83,5% dos registos eleitorais" para sustentar a sua reclamação de fraude nas eleições.
Segundo a ONG Foro Penal, que lidera a defesa dos considerados presos políticos no país, até este sábado registam-se 1.303 detenções no contexto pós-eleitoral, que incluem 170 mulheres, 116 adolescentes, 14 indígenas e 16 pessoas com alguma incapacidade.
No contexto dos protestos foram registados eventos violentos e de vandalismo, que provocaram a morte a 24 civis -- segundo a ONG Provea -- bem como dois militares mortos e quase uma centena de agentes de segurança feridos.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que afirma ter sofrido um ciberataque no dia da votação, ainda não publicou os resultados desagregados que confirmam a vitória de Maduro, um silêncio que tem sido posto em causa por numerosos países e organizações, incluindo o norte-americano Carter Center, que participou como observador nas eleições.
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