De acordo com um relatório divulgado hoje pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), as deslocações em massa causadas pela violência armada entre clãs incluem, por exemplo, 42.000 pessoas que foram forçadas a fugir entre 05 e 07 de julho na cidade de Luuq, na região sul de Gedo.
"A violência terá sido desencadeada por uma disputa sobre a posse de terras", afirmou a agência, referindo que pelo menos quatro civis foram mortos nos incidentes.
O OCHA realizou uma missão na zona em 27 de julho, confirmando que um terço dos deslocados se encontra em zonas de difícil acesso e enfrenta dificuldades para regressar às suas casas.
"Entre os novos deslocados encontram-se comunidades que já tinham sido deslocadas pelas cheias e que estão agora a sofrer deslocações secundárias", afirmou a organização.
Entretanto, na região central de Mudug, os confrontos entre clãs, ocorridos entre 26 de junho e 02 de julho, deslocaram mais de 26.000 pessoas, provocando mais de 35 mortes.
Nesta região, onde cerca de 30% das pessoas deslocadas são pastores que conseguiram fugir com o seu gado, os combates também perturbaram os serviços básicos, como a nutrição e a saúde, enquanto os preços dos alimentos subiram 15 a 20%.
Num dos países mais homogéneos de África, com uma população altamente armada, os clãs são uma parte essencial do tecido social somali e assemelham-se mais a famílias, cujos apelidos remontam a várias gerações, do que a etnias.
A Somália vive num estado de conflito e caos desde 1991, quando o ditador Mohamed Siad Barre foi derrubado, deixando o país sem um Governo efetivo e nas mãos de milícias islâmicas, como o Al-Shebab, e de senhores da guerra.
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