Talibãs reafirmam "rumo da lei islâmica" no 3.º aniversário do seu regime

O primeiro-ministro do Afeganistão, Hassan Akhund, declarou hoje que o país deve "manter o rumo da lei islâmica", no arranque das celebrações que assinalam o terceiro aniversário da reconquista do país pelos talibãs.

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© WAKIL KOHSAR/AFP via Getty Images

Lusa
14/08/2024 08:25 ‧ 14/08/2024 por Lusa

Mundo

Afeganistão

 

 

Os nossos dirigentes "devem estar conscientes do facto de que os nossos deveres não cessaram com a 'jihad' (guerra santa), temos agora a responsabilidade de manter o rumo da lei islâmica", afirmou o primeiro-ministro talibã, numa mensagem lida perante dezenas de dirigentes talibãs e oficiais de alta patente, na antiga base americana de Bagram, antes de um desfile militar.

Centenas de convidados reuniram-se na simbólica antiga base aérea americana, a cerca de cinquenta quilómetros de Cabul, para celebrar o terceiro aniversário do incontestado regime talibã.

Em 15 de agosto de 2021, os talibãs entraram em Cabul sem resistência, provocando a fuga do governo e o colapso da coligação ocidental liderada pelos Estados Unidos que os tinha expulsado do poder 20 anos antes.

O movimento fundamentalista islâmico retomou a base de Bagram, centro nevrálgico das operações contra a sua insurreição.

Este aniversário é celebrado um dia mais cedo, de acordo com o calendário afegão.

A parada militar destina-se a mostrar os numerosos equipamentos recuperados pelos insurrectos vitoriosos após a partida precipitada das forças ocidentais.

No âmbito das celebrações, estão previstos comícios populares em Cabul, para os quais milhares de afegãos foram convidados a deslocar-se à capital, vindos de meia dúzia de províncias do centro, com medidas de segurança alargadas.

O programa destas festas de rua, que as jornalistas afegãs e estrangeiras não foram autorizadas a cobrir, inclui espetáculos de atletas e leituras de poesia.

As forças de segurança estão mobilizadas em grande número, uma vez que o principal risco poderá ser um novo ataque do grupo 'jihadista' Estado Islâmico, depois daquele que matou uma pessoa num bairro xiita de Cabul no domingo passado.

Os talibãs aplicam a lei islâmica de uma forma ultra rigorosa e não toleram qualquer dissidência, mas após três anos no governo, o Afeganistão continua a ser um dos países mais pobres do mundo, com um crescimento anémico, um desemprego maciço e uma grave crise humanitária.

O governo talibã continua a não ser reconhecido por nenhum país devido às suas medidas repressivas contra as mulheres, que estão a ser progressivamente excluídas do mundo do trabalho e da educação.

No entanto, Cabul obteve ganhos diplomáticos ao estabelecer relações com os países vizinhos, bem como com a China e a Rússia, e iniciou um diálogo com o ocidente ao participar pela primeira vez nas conversações de Doha, em junho.

Num comunicado divulgado a propósito deste aniversário, a ONG Human Rights Watch alertou que "os países que cooperam com os Talibãs devem recordar-lhes os abusos cometidos contra as mulheres e as raparigas".

"Os doadores devem prestar ajuda aos mais necessitados e trabalhar no sentido de encontrar uma solução duradoura para a crise humanitária no Afeganistão", acrescentou.

Leia Também: Foi há três anos. Talibãs criaram maior crise de direitos das mulheres

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