Com atas nas mãos, centenas concentraram-se contra "fraude" eleitoral

Com atas eleitorais nas mãos centenas de venezuelanos, entre eles alguns portugueses, concentraram-se no sábado em Caracas contra a fraude nas presidenciais de 28 de julho que deram a vitória a Nicolás Maduro, mas cujos resultados a oposição contesta.

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Lusa
18/08/2024 01:02 ‧ 18/08/2024 por Lusa

Mundo

Venezuela

A manifestação decorreu em La Califórnia, no leste de Caracas, num ambiente em que foram frequentes as advertências aos jornalistas de que deveriam precaver-se porque grupos de encapuçados das forças de segurança estavam a vigiar o que faziam.

 

"Estou aqui contra da fraude na Venezuela. Tive a oportunidade de entrar na página web [divulgada pela oposição] e constatei que a minha ata é verdadeira, que as atas são verdadeiras, explicou um luso-venezuelano à Agência Lusa.

António Gomes, economista, acredita que "as coisas agora são diferentes do passado porque temos as provas, ganhámos as eleições". No entanto, adverte que "é um processo complicado" que dura há mais de 25 anos.

"Eu gostava de ver a minha terra livre, mas para isso é necessário mais apoio internacional. Gostava que o Governo português apoiasse mais a comunidade portuguesa daqui, porque estamos a passar por uma situação bastante complicada", disse.

Por outro lado, a ativista portuguesa Maria José Castro de Abreu, foi à concentração porque acredita que as atas revelam uma verdade, a de que "Edmundo González Urrutia é o novo presidente da Venezuela e a verdade está nas atas" eleitorais.

"Mas, as atas estão a ser sabotadas pelo Governo (...) precisamos que o mundo pressione para que o Governo divulgue as atas verdadeiras (...). Os portugueses que estão aqui pedem a Portugal que pressione o Governo da Venezuela para que divulgue as atas legais", disse.

A ativista Beatriz Díaz de González manifestou-se para "defender a democracia, que querem roubar de um modo violento".

"Obrigado a Portugal por todo o apoio. Em todas as atuações, em organismos internacionais, Portugal não deixa de aparecer", frisou.

A estilista Agnis Rivero apresentou-se com uma bandeira da Venezuela contra a fraude e armada com uma ata que, disse, comprova que Edmundo González Urrutia ganhou as presidenciais.

"Há seis anos que não vejo o meu filho nem os meus irmãos, que emigraram. Queremos que termine esta ditadura, para que nossos familiares possam regressar. Queremos uma Venezuela livre", disse.

Ana Ivler, doméstica, manifestou-se para "validar" que a oposição ganhou as eleições.

"As atas eleitorais são a nossa prova principal, que o Conselho Nacional Eleitoral ainda não divulgou, mas que nós temos, graças a María Corina Machado que fez uma jogada estratégica e maravilhosa. Nenhum dos homens que estiveram na política fizeram o que essa mulher fez", disse.

Mostrou-se confiante no futuro e diz que com a oposição no poder haverá relações mais próximas com os países do mundo e agradeceu a Portugal por ter acolhido tão bem tantos venezuelanos.

"Vamos até ao final, sabemos que não é fácil, mas aí vamos", frisou.

Leyda Brito, ativista e conhecida como a avó do capacete vermelho foi à concentração porque os seus filhos foram assediados na sua própria casa e tiveram de emigrar.

"Votámos por uma mudança política que não querem reconhecer. Estou aqui defendendo o que eu vi na minha urna, que ganhou Edmundo González e isso não podem tapar 'com um dedo'. A OEA e a ONU já reconheceram isso", disse.

Explicou que no país há "mais de 2.137 presos políticos, por pensarem diferente, por defenderem um voto", entre eles testemunhas de assembleias de voto como Eduardo Oscarim.

"E ainda nos ameaçam que construíram dois novos cárceres. Vão ter que prender os sete milhões de venezuelanos que votaram por Edmundo González", disse.

Leia Também: Milhares de venezuelanos manifestam-se no México e Canadá contra Maduro

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